Ramila Macedo

O estudante surdo de Araguaína Cleysson Wender de 17 anos foi aprovado no vestibular 2015.1 do curso de Letras Libras da Universidade Federal do Tocantins. Mesmo sem concluir o ensino médio, ele conquistou o primeiro lugar e agora luta para conseguir fazer a matrícula e ingressar na Universidade.

Em entrevista ao AN, a mãe dele, Ester Fernandes, disse que o filho aguarda com expectativa a efetivação da matrícula. Nesta semana a família buscou ajuda de advogada que já protocolou ontem uma petição na Justiça Federal, na tentativa de conseguir um parecer favorável do juiz para realizar a matrícula. "A UFT me passou que sendo favorável essa resposta do juiz, a qualquer instante a UFT faz essa matrícula, independente de ter passado desse prazo (de inscrição)" explicou.  

Cleysson, ao centro, ministrou duas palestras recentemente na Assembleia Legislativa do Tocantins. Foto: Clayton Cristos/AL

Ester contou ainda que mesmo diante das dificuldades enfrentadas na educação do filho, como falta de intérprete em escolas, Cleysson é um aluno estudioso e esforçado. Segundo a mãe do estudante, apesar da pouca idade, Cleysson tem habilidades para ministrar palestras. Nesta semana ele ministrou duas palestras em Libras na Assembleia Legislativa do Tocantins, intituladas "O intérprete de Libras" e "Conceito Escolar e Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho".

"Ele tem essa facilidade, essa habilidade pra ministrar palestras desde os quinze anos, agora ele tá com dezessete. Ele já foi convidado em vários lugares para falar da cultura surda, pra estar esclarecendo mais sobre a surdez. E ele tem esse sonho de ser professor" contou Ester.

Conforme a mãe de Cleysson, a aprovação no vestibular foi uma surpresa. Ele ainda está cursando o 1º ano do ensino médio, fez a prova para testar conhecimentos e conseguiu aprovação em primeiro lugar. "Ele ficou querendo (ingressar na universidade) e isso me levou a entrar com esse pedido. Não sei se vamos conseguir. Só sei que se não conseguirmos ele vai ficar muito frustrado" afirmou. A reportagem entrou em contato com a UFT para comentar sobre o caso e pedir informações sobre número de alunos surdos, mas até o fechamento da matéria ainda não obteve retorno.