Delegado Manoel Laeldo dá sua versão sobre o afastamento.

Em entrevista ao Araguaína Notícias, o advogado Joaquim Gonzaga Neto afirmou que o afastamento do delegado Manoel Laeldo trata-se de exagero e demonstra uma "perseguição odiosa a sua pessoa".  A defesa apontou supostas falhas no processo, questionou a atuação do Ministério Público (MPE) e disse que vai recorrer da decisão.

De início, o advogado considerou o afastamento como medida extrema e que  causa estranheza. "O que nos causa estranheza é o motivo, o que justifica, uma atitude dessa  agora, após ele ser intimado, após ele apresentar sua defesa. Mesmo, defesa esta, que foi concluída praticamente sem o conhecimento de todas as peças acusatórias. No entanto, ele está colaborando com a Justiça," frisou.

Gonzaga defendeu a permanência de Laeldo no cargo até a conclusão do processo. "O exercício dele no cargo nunca representou nenhum tipo de ameaça. (...) Se ele fosse uma pessoa de extrema periculosidade, eles [familiares] não teriam denunciado," destacou Gonzaga.

O advogado também disse que o delegado foi afastado por está sendo perseguido.  "Estão demonstrando uma perseguição de maneira muito odiosa em relação à sua pessoa [delegado Laeldo]. Por exemplo, ele teve a denúncia dele oferecida sem que ele fosse ouvido, seja no inquérito policial, seja na comissão de sindicância," criticou.

Gonzaga também questionou a atuação do MPE no afastamento do delegado. "O que geraria três promotores serem nomeados após oferecimento da denúncia para atuar neste inquérito, exclusivamente ?  Já existia um promotor competente. Qual motivo dessa motivação?,"  questionou. Também afirmou que um dos promotores nomeados para atuar no caso tem intriga pessoal com Laeldo.

A defesa  também apontou supostos erros do MPE no caso da morte do empresário, ocorrida em 2012. Gonzaga afirma que a investigação apontou um acusado como o agenciador, mas o MPE denunciou ele como executor e por isso foi absolvido.   "por que esses promotores ofereceram uma denúncia (...) diferente do relatório policial oferecido pelo delegado de polícia.  E, por que que esse mesmo promotor que oferece denúncia, pede absolvição sumária [do réu]?. Quais os atos investigatórios que o Ministério Público tomou em função disso?"

O advogado de defesa afirmou que, assim que Laeldo for notificado, vai recorrer da decisão Judicial.

Versão do delegado

O delegado Laeldo também concedeu entrevista ao AN e falou sobre o seu afastamento do cargo, defendeu seu legado na cidade de Araguaína e afirmou estar tranquilo.

-Vejo o afastamento como uma medida extremamente desnecessária. (....) Tendo trabalhado aqui há muito tempo, tendo aqui doíicilio e família, pedi logo em seguida para ser removido [para] Tocantinópolis. Assim, ficando distante de todo e qualquer questionamento com relação aos fatos que estão sendo imputados. E consequentemente, distante de qualquer pessoa que está próxima da discussão dos fatos.  Isso porque não quero nem de longe pensar em obstruir [o processo]. Não é a minha finalidade e nem o meu propósito. Estava em Tocantinópolis, a meu pedido, executando o meu trabalho de polícia judiciária até o dia de ontem quando, retornando para um gozo de férias programado, fui acometido dessa notícia.

Em relação às acusações, o delegado Laeldo pontuou.

As acusações são, de maneira como elas se apresentam, as verdades não são aquelas.  As verdades dos fatos reais serão apresentadas para a instrução criminal.  Não tive oportunidade sequer de ser ouvido em fase inquérito, em fase de sindicância. E a denúncia foi oferecida sem ao menos ter sido ouvido em qualquer procedimento. Então, o que eu poderia ter esclarecido naquela fase, não me houve oportunidade. E perante a Justiça, no seu devido tempo, irei com certeza, a exposição dos fatos.

Com 17 anos de serviço publico, com tanto serviço prestado, eu nunca recebi, exigindo, extorquindo, pedindo, nada.  Eu sempre fiz os trabalhos de polícia aqui, desde o tempo em que fui regional, inclusive com meus próprios recursos.  Por quantas vezes foi necessário tirar do bolso para complementar os trabalhos de polícia judiciária. E não tenho na minha história, nada que se aproxime com a notícia de agora. E, estou pronto, estou tranquilo, convencido de que a Justiça irá conhecer a verdade dos fatos e consequentemente, iremos resolver toda essa situação. Ao ser questionado sobre o motivo da família da vítima tê-lo denunciado ao MPE, Laeldo respondeu.

?Não consigo compreender. A não ser pensar que a família, quando viu, o suspeito que apresentei para a Justiça, inclusive que teve a prisão preventiva decretada e foi processado, este era para continuar preso e junto com ele outros viriam a ação penal como responsáveis pela prática do crime. Considerando que ele, foi por mim investigado e apresentado para a Justiça como agenciado, porque ele foi contratado na articulação do crime, trazendo o executor, a pessoa que teria efetuado o disparo e matado a vítima. Mas deixo claro na investigação que não foi ele [Debes Rosa] que efetuou o disparo e matou, mas sim que ele foi o agenciador. Ele teve participação, contratado para trazer o executor  do crime.

E logo depois então na fase criminal, não sei em que circunstâncias e por quais razões, a denúncia do Ministério Público colocou ele na condição de executor.  Então, em razão dessa situação, eu creio que isso provocou a absolvição sumária. Em nenhum momento do inquérito, ele investigado por mim, restou provado como atirador. Mas sim como agenciador. Então nesse momento o réu foi solto e a família não conseguiu compreender essa soltura, eu creio.  Inclusive, também o trancamento da ação.  A partir daquele momento, a investigação não pode avançar. E até hoje a família espera a Justiça com a apresentação dos verdadeiros responsáveis por aquele crime. Leia+
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