Moradores do Lago Azul defendem serviço de segurança particular.

O medo de ser assaltado, falta de efetivo da Polícia Militar e a insegurança da população são alguns dos motivos que levam moradores a procurar segurança particular. Para inibir a ação de bandidos e escapar de furtos e roubos, moradores do Lago Azul 1 de Araguaína tem recorrido a serviço de vigilância noturna, mesmo sendo irregular.

Após a prisão de um vigia que dizia ser policial aposentado no último domingo, o assunto gerou polêmica na cidade. De um lado está a irregularidade do serviço feito por pessoas sem autorização de órgãos competentes, e de outro há quem necessite de um mínimo de segurança.

O Araguaína Notícias ouviu moradores do Lago Azul 1, residencial do Minha Casa Minha Vida, para saber por que resolveram pagar pelo serviço, mesmo sabendo da irregularidade. E viu que não é difícil encontrar alguém que já foi vítima de assalto no bairro.

O que dizem os moradores

A moradora Rose Kelley Rodrigues disse que ter a casa própria seria a melhor coisa da vida, mas que ao se mudar para o bairro não foi isso que aconteceu. "Infelizmente mudou pra esse setor muita gente de má índole".

"Eu trabalho de madrugada e eu uso aquela ponte [sobre o Lago Azul]. Só eu sei o que passo, como é perigoso você se deparar com um bandido e ele colocar a arma na sua cabeça. A gente não poder fazer nada. Aí você liga para polícia e não tem viatura. Por quê? Porque não tem gasolina" contou a moradora.

Rose contou ainda que só passou a se sentir segura depois que contratou o serviço de vigilância. Quando precisa na volta do trabalho, por volta das 3 horas da madrugada, pede ao vigia para ser escoltada da ponte até sua casa. "Quando eu preciso eles estão prontos para me atender".

A moradora Suane Fernandes, também defende o serviço de vigilância prestado no bairro. "O efetivo da polícia é pequeno. Não temos um governo decente, infelizmente, e que olhe pra esta cidade. Contratamos o serviço porque não podemos sair de casa sem que sejamos abordados por algum indivíduo armado. Não podemos nem ir à escola deixar as crianças porque somos assaltados".

Outra moradora contou que o filho teve a bicicleta roubada na primeira semana que se mudou para o bairro. E até profissionais que instalavam internet já foram alvos de criminosos.

O morador Tony André, relatou que devido aos constantes roubos os moradores se reuniram e decidiram contratar o serviço. "A gente sabe que as viaturas são poucas e Araguaína tá muito grande. Os moradores decidiram se reunir para contratar esse pessoal pra fazer a segurança. Estava havendo muito assalto de celular, de casa. No decorrer desses três meses, incomodou alguém ?visando algum lucro, só pode. Aí querem acabar com o serviço" afirmou.

Uma moradora que se identificou apenas como Geneci, afirmou que soube desde o início da irregularidade, mas mesmo assim resolveu acreditar no serviço e hoje diz que sente diferença. "Já entraram na minha casa, mas não deu tempo de roubar. Fica difícil para nós porque a polícia não tem como estar aqui 24 horas. E eles [vigias] moram aqui. Depois que eles começaram, nós gostamos do serviço deles. O roubo estava demais aqui. Ninguém estava dando conta". Defendeu.

Versão do "vigia"

A reportagem conversou com um grupo que faz a segurança no bairro, conhecido como "os homens de preto". O líder deles, Ronaldo do Carmo, admitiu que faz o trabalho por conta própria junto com outros colegas e cobra o valor mensal de 50 reais. "Não tem uma empresa que represente a gente. A gente trabalha aqui por conta própria".

Ele contou que iniciou o trabalho no Lago Azul 3, e depois foi procurado por moradores do Lago Azul 1. "Os moradores é que procuram a gente. Eles precisam da gente e a gente precisa trabalhar". Segundo Ronaldo, eles atuam em dupla, circulam pelo bairro à noite, fazem abordagem, mas negaram usar arma de fogo. "Nós estávamos fazendo apenas a vigilância, sem usar violência. Apenas para tentar impedir que certos delitos ocorressem próximos a vizinhança, que está assustada com a crescente violência" justificou.

A reportagem procurou a Polícia Militar para dar posicionamento sobre o serviço, e aguarda retorno.