A Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) vetou a participação de uma conferencista da Universidade de Brasília (UnB) no "I Encontro de Psicologia" a ser realizado no final de abril, em Araguaína.  O motivo da proibição é o fato da palestrante, a Dra. Valeska Zanello, ser a favor da descriminalização do aborto no Brasil.

Valeska Zanello do Instituto de Psicologia da UnB seria a conferencista do encerramento do evento "I Encontro de Psicologia da Católica Orione - Novos tempos, velhos paradigmas" do dia 28 de abril. No entanto, a direção da Instituição informou sobre o veto à organização nesta segunda-feira (17).

Por meio de comunicado interno, a Facdo frisou que "se fundamenta sobre princípios e postulados que lhe são inalienáveis como o respeito à vida, desde sua concepção" e destaca que "nenhum pretexto possa servir para que se faça apologia a temas contrários a este valor fundante".

Em outro trecho, o documento cita que o Bispo Diocesano se sentiria "desconfortado com a presença na nossa Instituição de uma militante do aborto". Informou ainda que acolheu a sugestão do nome substituto, a Dra. Cristiane Vianna dos Santos. O comunicado ressaltou ainda que "Quem quer que venha participar do evento, que seja sensível aos nossos valores e postulados".

O documento é  assinado pelo diretor geral da instituição, padre Ademar José dos Santos e pelo diretor acadêmico, padre Eduardo Caliman.  Este, por sua vez, foi divulgado nas redes sociais e causou repercussão imediata.

O Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Sexualidade, Corporalidades e Direitos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) divulgou nota de repúdio nesta terça-feira, 18. Classificou a decisão da Facdo como "autoritária, "anti-laica" e que a Instituição usou argumentos de ?fundamentalistas conservadores?.

"Assim, repudiamos veementemente a atitude autoritária e conservadora da direção da Faculdade Católica Dom Orione em vetar a participação da pesquisadora no evento por seu posicionamento público feminista pró-aborto. Essa postura institucional anti-laica e incapaz de compreender a urgência pedagógica deste debate à formação profissional em Psicologia, demonstra o quanto precisamos estar atentas ao modo como o fundamentalismo tem buscado incidir contrariamente aos direitos sexuais e reprodutivos no Brasil através de argumentos que promovem uma ideia de educação "neutra" e "imparcial". Diz trecho da nota de repúdio.

O Conselho Regional de Psicologia no Tocantins também divulgou nota de repúdio e destacou. "Somos terminantemente contrários a qualquer tentativa fundamentalista de imposição de dogma religioso, seja ele qual for, sobre o Estado, a Ciência e a profissão."

A reportagem procurou a direção da Facdo na manhã desta terça-feira  para comentar sobre o assunto, mas não obteve retorno.