A senadora Kátia Abreu anunciou na tribuna do Senado nesta quarta, 19, que formalizou ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, dois pedidos: que ela e o seu esposo, Moisés Gomes, sejam ouvidos dentro da maior brevidade possível e, com base no Direito, que no Brasil ainda é assegurado aos inocentes, que o inquérito tenha uma rápida tramitação e uma urgente solução.  A decisão, conforme a parlamentar, se deu em defesa de sua honra e de seu esposo, "um homem honesto, honrado e trabalhador", e de seus eleitores e admiradores, de sua família, que não podem esperar a vontade e o tempo do seu acusador.

Num contundente discurso na tribuna do Senado nesta quarta, 19, a senadora Kátia Abreu fez uso dos próprios depoimentos dos executivos da Odebrecht para negar que teria recebido recursos da empresa nas eleições de 2014. "Doação que nunca existiu e que nunca recebi", discursou a senadora Kátia Abreu. No seu pronunciamento, a Senadora disse que não há qualquer dúvida de que, além de não receber qualquer importância da empresa Odebrecht," jamais contribuí com a ascensão ou com a escalada criminosa desta empresa ou de qualquer outra".

Segundo a senadora Kátia Abreu, é verdade que ela, seu esposo e assessoria apresentaram para várias empresas, especialmente do agronegócio brasileiro, na condição de potenciais doadores, os projetos de campanha, do mandato que exercia e do futuro mandato. "Uma prestação de contas de tudo o que fiz nos últimos oito anos em prol do Brasil, da economia, do crescimento, do emprego e da geração de renda".

Segundo a Senadora, não foi diferente com a Odebrecht: "Ligamos, conversamos, apresentamos projetos e objetivos públicos da campanha e do mandato, como disseram os delatores, a troco de absolutamente nada. Depois de algumas tratativas e encontros, os representantes da Odebrecht, não doaram absolutamente nada à Senadora Kátia Abreu; apresentaram uma lista de possíveis doadores, também de construtoras, que eu deveria procurar para pedir ajuda a essas empresas", ressaltou Kátia Abreu.

A Senadora disse não entender o"jogralzinho" dos funcionários da Odebrecht:"Eles não dizem, em nenhum momento, quem entregou o dinheiro, onde foi que entregou o dinheiro e para quem entregou o dinheiro. E o que mais me deixou curiosa: os procuradores e a procuradora, como é o caso, que interpretou e investigou os meus, nenhum deles perguntou. Porque, se fosse eu, que sou leiga, seria a primeira pergunta que eu iria fazer: "A Senadora ou o marido dela buscou o dinheiro onde, meu senhor? Quem é que buscou o dinheiro? Quem é que entregou o dinheiro? Qual é o endereço da entrega do dinheiro?" Mas eles não disseram e não foram inquiridos sobre isso. E eu desejo uma satisfação sobre isso.", discursou a parlamentar.

"Quero que eles digam e complementem as suas delações; eu quero o endereço; eu quero o nome; eu quero a filmagem; eu quero uma prova de que a Senadora Kátia Abreu, ou o seu esposo, saiu de algum lugar com sacola de dinheiro na mão. Isso não se faz com as pessoas, e eu não admitirei que façam comigo e com o meu marido. Sr. Presidente, lá atrás, o Cláudio Melo ainda referendou tudo isso. A Procuradora perguntou: "Quem foi lá em nome dela?", "Não sei. Não sei."

A Senadora contiunuou citando o depoimento do delator Cláudio Melo que disse no termo de delação n° 33, do vídeo 33: "Não tenho relacionamento com a Srª Kátia Abreu." "Não tenho contato." "Não a conheço." "Não conheço a Senadora." "Na época não conhecia mesmo." São seis respostas a seis perguntas dos procuradores que estavam inquirindo Cláudio Melo, disse Kátia.

Ela cita também o depoimento do delator José Carvalho, no termo nº 8, vídeo 8: "Só vi a Senadora uma única vez, num restaurante em São Paulo. Passando pela minha mesa, o seu esposo a apresentou a mim, porque eu fui fazer uma palestra e participar de uma discussão sobre eclusas lá na CNA, em certa ocasião, mas ela não estava presente. Conheci a Senadora rapidamente neste restaurante. Jamais defendeu interesses da empresa."

Já o diretor Fernando Reis disse em sua delação completa informa que a senadora Kátia Abreu e o ex-governador Siqueira Campos os ajudaram porque "era um absurdo perder aqueles investimentos todos por interesses pessoais", fazendo referência aos problemas com a prefeitura de Palmas.  "O prefeito criou uma comissão para, em 90 dias, avaliar a caducidade da concessão da Odebrecht no Tocantins, que é a concessão de água, com mais 90 para decidir", diz o diretor Fernando Reis na delação.

O diretor informa na delação que com a prefeitura de Palmas "na verdade, era uma mesa de negociação. Gerou problemas. O capital da empresa é aberto, tem debêntures. Esse tipo de notícia afugentou investidores, e eu tive que demitir mil funcionários no Tocantins, por conta do atraso da assinatura da concessão". Foi isso que o delator disse, discursou Kátia Abreu. "Mas, depois, fizeram um acordo. Não me interessam os padrões e os níveis deste acordo," falou a parlamentar.

"Ainda não descobri o que os levaram a praticar tamanha atrocidade. A vontade desinteressada de apedrejar, diminuir e destruir pessoas? Simplesmente acusar de forma leviana e inconsequente? De ser beneficiado com a liberdade e a impunidade às custas da honra de terceiros? Para livrar a sua pele às custas de pessoas sérias e idôneas que trabalham pelo Brasil? Ou querem apenas aumentar as estatísticas e colocar todo mundo no mesmo fubá, no mesmo angu, na mesma panela?", indagou a Senadora.

Dirigindo-se à população do Tocantins, a Senadora disse que "mesmo aqueles que não puderam votar, nunca tiveram dúvida da minha personalidade e do meu caráter: honestidade não deve ser uma bandeira, e sim uma escolha de vida. E eu fiz essa escolha de vida. Eu e meus filhos. São 23 anos de vida pública."

"Faço críticas veementes contra a incompetência, a falta de gestão, as crianças, mulheres e homens morrendo nos hospitais do Tocantins, e o Governo do Estado criando novas secretarias para fazer política. Isso, sim, continuarei, dura e firme na queda, fazendo em todos os momentos. Nada e nem ninguém me intimidará.", disse a parlamentar para completar: "Nunca usei dinheiro público para comprar bois e fazendas. Nunca aluguei empresa de máquinas para o Governo do Estado. Nunca quebrei o Igeprev, que é o instituto de previdência do Tocantins. Nunca comprei renúncia de vice-governador. Nunca cobrei propina de emenda parlamentar. Nunca chantageei empresa de concessão do meu Estado."

A Senadora finalizou dizendo que continuará com destemor, altivez e coragem. "E é assim que continuei trabalhando pelo Brasil e pelo Tocantins. Nada nem ninguém, apenas Deus pode barrar os nossos planos até 2018. Aviso aos adversários, que estão hoje tão contentes, porque sonham com o meu fim, com a minha desistência ou com o meu abalo, digo que é só o começo, pois essa truculência que fizeram comigo e com alguns outros colegas que estão aqui, que estão fazendo hoje, vai me tornar mais forte, mais obstinada."