Já estamos no mês de maio e até agora o Estado não cumpriu a promessa de nomear os aprovados no concurso da Polícia Civil, iniciado ainda no mês de fevereiro do ano de 2014. No último anúncio oficial sobre o assunto, realizado no dia 16 de março deste ano, através de uma entrevista coletiva, o governador Marcelo Miranda garantiu que as nomeações começariam ainda em abril, mas não precisou ou afirmou com exatidão quando isso aconteceria. Passado quase três anos do início do concurso, toda essa demora só aumenta a insegurança e frustração dos futuros agentes públicos.

Além de não estabelecer uma data exata para as nomeações, o Governo anunciou também que só irão tomar posse, de imediato, apenas metade dos candidatos aptos a integrarem o quadro da Segurança Pública Estadual, ou seja, apenas 35 peritos, 50 delegados, 13 médicos legistas, 14 papiloscopistas, 44 agentes e 60 escrivães deverão ser nomeados inicialmente, o que significa que mais de 300 ficarão de fora.

Na expectativa de contribuir com as investigações do Tocantins, estão os 80 aprovados para o cargo de peritos. Destes, 64 dentro do número de vagas e 16 cadastros reservas esperam ser chamados para assumirem o cargo o mais rápido possível.

Cirino de Sousa, que está entre os aprovados também para esta função, reafirma que a falta de transparência e consistência nos atos governamentais referentes ao concurso da Polícia Civil tem gerado frustração nos candidatos que aguardam ansiosamente para contribuir junto à sociedade na proteção e segurança dela.

"Ademais, o fato de sonharmos pelo momento da nossa nomeação por aproximadamente três anos e até mais, pois mesmo se concretizando a primeira chamada, a maioria dos candidatos ainda continuará no martírio da espera, nos submete à sensação de desânimo. Alegria por já ter passado em todas as fases do concurso e desilusão diante da obscuridade quanto aos atos e promessas não cumpridas por parte dos gestores", comentou o aprovado.

Para Marcus Perez, também aprovado para o mesmo cargo, essa dúvida gera vários problemas para quem estudou para passar no certame, além de interferir na saúde, na vida social e familiar de cada uma dessas pessoas, que por sua vez, estão aptas a exercer a função de policiais civis.

"Nós alimentamos, cotidianamente, de expectativas. Queremos contribuir com as investigações. E uma sociedade mais segura. Além do mais, estudamos muito para fazer a prova objetiva e nos dedicamos em todas as etapas do concurso. Fizemos nossa parte, mas já passou da hora do Estado cumprir a parte dele, que é nomear de uma vez por todas os aprovados. A população merece que o Tocantins seja um lugar mais seguro para viver", desabafa.

Dados

Segunda um pesquisa, feita pela própria Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Tocantins e divulgada neste semestre, o crime de roubo seguido de morte [latrocínio], em Araguaína, norte do Estado, teve um aumento de 300% em 2016, quando comparada com o ano de 2015.

Ainda de acordo com o levantamento, o maior número de ocorrências ficou por conta dos veículos roubados. Em 2015 foram subtraídos 184, enquanto em 2016, o número passou para 322. Houve um aumentou de 75%.

Ainda citando o norte do Tocantins, um crime que ocorreu na semana passada chocou a população de Guaraí, cidade localizada a 184 quilômetros de Palmas. Um casal de idosos foi brutalmente assassinado na madrugada do último dia 25 de abril. Joaquim Gomes de Oliveira, de 70 anos e a esposa dele, Maria das Dores de Oliveira, de 65 anos, foram mortos dentro de casa, em uma chácara na zona rural. O homem foi espancado a pauladas e esfaqueado com um facão e a mulher levou um tiro na cabeça.

Na última quinta-feira, a Polícia Militar prendeu seis suspeitos, apontados como possíveis autores do duplo-homicídio. No entanto, a Polícia Civil ainda investiga o caso.

Com os aprovados assumindo os cargos do concurso, os índices de criminalidade do Estado poderiam ser outros, isso porque, obviamente, a Polícia teria mais agentes no combate ao crime.

Concurso

Ao todo mais de 500 aprovados aguardam a convocação para exercer os cargos de perito criminal, delegados, agentes, escrivães, papiloscopista, agente de necrotomia e médico legista. O certame previa o preenchimento imediato de 397 cargos e o restante para cadastro reserva.