Neste segundo domingo de maio, muitas famílias devem se reunir e fazer aquele almoço especial para as mães, dar presentes e lembrá-las de como são especiais. Cenas como essas ficam apenas no sonho para as mães que cumprem pena nas prisões brasileiras. Para exemplificar essa realidade,  o AN traz relato de uma mãe reeducanda da Casa de Prisão Feminina de Babaçulândia, que assim como as demais encarceradas, sentem a dor de viver longe dos filhos.

É o caso da reeducanda Rosângela, 39 anos, mãe de cinco filhos e presa há cinco anos. Na condição de anonimato, ela conversou com a reportagem e "abriu o coração" para falar como é a vida na prisão na data em que o Brasil festeja o Dia das Mães.  Ela é do estado do Ceará e veio morar no interior do Tocantins aos 14 anos.

Segundo a reeducanda, ficar longe do filho nesta data é ainda mais difícil. Rosangela lembrou do carinho que recebia do filho caçula até os 10 anos, hoje está com 15, que na data especial sempre escrevia um bilhete seguido de um abraço para homenageá-la.

Ela contou que os dias na cadeia a fizeram mudar, mas o sofrimento de perder a infância e adolescência dos filhos é incalculável. Lá, ela ocupa o tempo lendo livros, cuidando de uma horta e já faz até pregação da palavra de Deus. Mas a saudade e preocupação com o bem-estar dos filhos é uma angústia que a acompanha.

Rosangela contou que filhos ficaram com uma pessoa e a última vez que viu seu filho mais velho foi em fevereiro de 2013, quando ele foi visita-la na cadeia.

"Eu sinto falta deles. Apesar de estar aqui nesse lugar, eu respeito que a criança não venha me ver. Eles ficam lá e eu aqui. É um lado que fica a desejar. Sei que não é por conta deles" admitiu.

"Eu me sinto abandonada, mas sei que eles dependem de alguém. Aqui na prisão tem muitas mães. A gente tem um ditado que ?cadeia é o lugar onde a mãe chora e o filho não vê. Também é lugar que filho chora e a mãe não vê?" disse chorando.

Rosangela ainda deve ficar um bom tempo encarcerada, a previsão de ganhar a liberdade é apenas em abril de 2019. Daqui até lá, sonha em reconstruir um lar e ter os filhos ao seu lado. "Tenho vários planos, o que prevalece é o que Deus tem pra mim. Construir meu lar, que foi destruído. Meus filhos eram crianças quando saíram de mim. Tenho que aprender a lidar com o desfeito.  Sonho que eles venham por livre e espontânea vontade. E acho que filho nenhum esquece da mãe" se emocionou.

Ao final, ela mandou um recado aos filhos. "Quero dizer que a mãe nunca vai esquecer deles. Todo dia lembro deles. Quero que eles levantem a cabeça e estudem, e que amo eles" contou chorando.

(Foi usado nome fictício para preservação da identidade da fonte) Leia mais

http://araguainanoticias.com.br/noticia/24045/pastora-araguainense-cuida-de-quatro-criancas-e-abre-coracao-para-falar-como-se-tornou-mae-acolhedora/