Ir ao cinema, uma atividade tão comum para a maioria das pessoas, mas para quem tem filho autista não é. Com o objetivo de passar essa sensação de ir pela primeira vez no cinema e assistir a um filme na telona, além de promover a inserção social para crianças autistas, a Clínica-Escola Mundo Autista promoveu nesta sexta-feira, 12, no cinema de Araguaína, o Projeto Cine Blue. Mais de 60 crianças, acompanhadas de suas mães e alguns pais, tiveram a oportunidade de ir pela primeira vez no cinema.

Como é o caso de Juliana Rodi Lopes da Silva, mãe da Pietra. "Representa uma confraternização não só entre as mães, mas também uma oportunidade de conhecer outras mães que têm filhos autistas", comentou a mãe, que recebeu o diagnóstico da filha em fevereiro.

"Espero que a Pietra se divirta muito. É a primeira vez dela. Já senti vontade de levar ela no cinema, mas fiquei com receio", explicou. Depois da sessão, Juliana comentou sobre a surpresa para a sua filha de estar pela primeira vez assistindo a um filme no cinema. "Muito legal, muito bom mesmo. Valeu a sessão, é sempre bem-vinda", disse.

Outra mãe foi a Janaína do Nascimento, que tem um filho autista e também comentou sobre a expectativa de participação de uma sessão especial no cinema. "Muito bom, porque ele não tem costume de ir em ambiente fechado, muito cheio, então pra ele e pra mim será uma experiência, pra ver qual a reação dele a um ambiente fechado como é o cinema", comentou antes de entrar na sessão.

E na saída, Janaína estava bastante emocionada. "Foi muito produtiva, gostei. Porque como foi a primeira vez dele, até a metade do filme estava confortável; do meio pro fim começou a agonia dele, como é hiperativo também, ele fica muito agitado, a visão dele não era para o filme, era para o público", explicou Janaína. "Compensou demais! Agora é a expectativa é para outra sessão como essa, espero estar vindo em breve de novo com ele", finalizou alegre.

Inserção na sociedade

A coordenadora da Clínica-Escola Mundo Autista, Tânia Maria Alves da Costa, ressaltou sobre a experiência vivida das mães com seus filhos autistas, pois a maioria vive mais dentro de casa e esse tipo de ação promove a inserção das crianças no meio social.

"É uma alegria muito grande em poder proporcionar esse dia de cinema em companhia não só das crianças, mas da família em si, esse é o nosso objetivo. Inserir a criança autista na sociedade", comentou.

Para a coordenadora, a ação comprova que o trabalho realizado na clínica está no caminho certo. "Nós da Clínica-Escola tivemos a certeza que o trabalho que estamos desempenhando está correto. As nossas crianças, por ser a primeira, se comportaram de forma neurotípica ao cinema, então foi um dia muito gostoso", afirmou.

Ainda segunda Tânia, a expectativa é de que mais ações como essa sejam realizadas. "Porque a partir do momento que eu tiro ele de dentro de casa e proporciono um ambiente adequado onde o som estava mais baixo, o ar não estava tão frio, iluminação adequada, eu estou preparando o autista sim para a vida", explicou.

Desafio

"Nós queremos a participação deles na sociedade. Eles respeitados como cidadãos, não como uma síndrome, mas como cidadãos, isto é possível, é real com o trabalho desempenhado na Clínica-Escola, pela Associação e em parceria com as mães", afirmou a coordenadora.

"É um desafio para as mães por ter aceitado essa proposta, não é fácil tirar um autista de casa, não é fácil tirar um autista da rotina, mas é possível, é real. Queremos que nossos filhos sintam esse prazer de conviver na sociedade, de não ficar excluídos dentro de casa", finalizou Tânia bastante emocionada que também tem um filho autista.