Responsável por agravar a crise política no País após teor da sua delação ao Ministério Público Federal (MPF) vazar na imprensa, a JBS também marcou presença no Tocantins nas eleições de 2014, a última a autorizar doações de empresas para campanhas. A companhia dos irmãos Joesley e Wesley Batista patrocinou no Estado projetos políticos que visavam o Palácio Araguaia, a Câmara Federal e também a Assembleia Legislativa.  Ricardo Ayres e Osíris Damaso receberam míseros 300 reais cada. Já Lázaro Botelho recebeu a maior fatia destinada ao TO, R$ 600 mil.

Eleito pela terceira vez para administrar o Estado, o atual governador Marcelo Miranda (PMDB) ganhou R$ 200 mil da empresa dos Batista, que veio através da direção nacional do seu partido. Entretanto, o valor é considerado pouco diante dos R$ 7.153.914,23 arrecadado pela campanha do peemedebista. As informações foram levantadas do site de prestação de contas da Justiça Eleitoral.

Nenhum dos nomes para o Senado Federal na época receberam valores de uma das maiores indústrias de alimentos no mundo. Por outro lado, o deputado federal reeleito em 2014, Lázaro Botelho (PP) recebeu R$ 600 mil da JBS, via Partido Progressista, o que representou 64% dos R$ 938.155,06 que declarou à Justiça Eleitoral ter arrecadado para a campanha.

Destaque também para o agora secretário do Desenvolvimento Social de Palmas, José Geraldo (PTB). O petebista pretendia disputar uma vaga na Câmara, mas desistiu no dia 27 de agosto daquele ano. Dois dias antes disso, o político tinha recebido R$ 80 mil da JBS, vindos da direção estadual da sua sigla. Outros R$ 86 mil, com a mesma origem, já tinham sido doados. Assim, o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) angariou R$ 166 mil da empresa, 86,36% dos R$ 192.206,25 arrecadados.

Novato em disputas eleitorais no Tocantins em 2014, o agora vereador Tiago Andrino (PSB) tentou garantir uma cadeira na Câmara Federal pelo Partido Progressista. Para angariar 36.397 votos, a campanha contou com o apoio de R$ 100 mil da JBS, que vieram via direção nacional pepista. Outro candidato não eleito a deputado federal que foi agraciado pela empresa dos Batista foi Milne Freitas (PT). O petista recebeu da companhia R$ 245.440,00, o que equivale a 45,1% dos R$ 544.575,00 que arrecadou. Os valores vieram via diretório.

Assembleia

Candidatos a deputado estadual também foram abastecidos com dinheiro da JBS. Em alguns casos, o dinheiro da empresa veio por meio de outras campanhas. O parlamentar Valdemar Júnior (PMDB), por exemplo, ganhou R$ 196.150,00 via Marcelo Miranda; eleito para a Casa de Leis, o secretário da Capital Ricardo Ayres (PSB) ganhou míseros R$ 300,00 por meio de José Geraldo (PTB). O petebista também repassou ínfimos R$ 600,00 para Jaime Café (DEM) e R$ 300,00 para Osires Damaso (PSC).

Tiago Andrino (PSB) também repassou valores da JBS para candidatos à Assembleia Legislativa. Os deputados estaduais Cleiton Cardoso (PSL) e Wanderlei Barbosa (SD) receberam R$ 6.020,00 e R$ 768,98,00, respectivamente, da companhia alimentícia por meio da campanha do pessebista à Câmara Federal.

Via diretório estadual do Partido Trabalhista Brasileiro, o deputado e agora presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse (PHS), recebeu R$ 50 mil da JBS em 2014. A empresa também abasteceu campanhas dos parlamentares José Roberto (PT), com R$ 1.250,00; e Amália Santana (PT), com R$ 11.770,00. Ambos via comitê financeiro petista.

Doação legal

Por meio da assessoria, Lázaro Botelho se manifestou destacando que a Legislação na época permitia doação de empresas e que os valores para a campanha vieram por meio da direção nacional do Partido Progressista. O parlamentar reforça que não teve contato com nenhum dirigente da JBS.

O presidente do Partido Trabalhista Brasileiro no Tocantins também se manifestou. Assim como Botelho, José Geraldo destacou que os recursos recebidos foram oriundo da direção nacional da legenda, reforçando que a Legislação na época permitia a doação de empresas e que as suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. "jamais existiu qualquer vínculo dos membros do Diretório Estadual com a JBS", decretou ainda.

Confira a íntegra das notas:

"NOTA

As doações recebidas e descritas na prestação de contas foram destinadas, conforme informado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo Diretório Nacional do partido à campanha do deputado.

Pela legislação eleitoral vigente em 2014, era permitida doações de empresas aos partidos e o PP, com notória atuação na defesa do agronegócio nacional, recebeu doações de diversas empresas do setor.

O deputado destaca que não teve e não tem contato com nenhum dirigente da referida empresa e que sua atuação no Congresso Nacional é pautada pelos compromissos que assumiu com os eleitores tocantinenses: defesa dos municípios, defesa do produtor rural, defesa da justiça social e do desenvolvimento econômico do Brasil, especialmente do Tocantins

Lázaro Botelho reforça o seu compromisso com a transparência e se coloca à disposição de todos os veículos de comunicação e cidadãos para o esclarecimento de qualquer dúvida que possa surgir.

Lázaro Botelho

Deputado Federal

Assessoria de Imprensa"

"NOTA

O Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro no Tocantins, José Geraldo, esclarece que os recursos recebidos para a campanha eleitoral de 2014 são oriundos da Direção Nacional do PTB.

As movimentações financeiras do Diretório Nacional para o Diretório Estadual, e deste para as campanhas, obedeceram a legislação eleitoral vigente (Art. 19, Incisos II a V, da Resolução TSE nº 23.406/2014), sendo aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Ressalta que jamais existiu qualquer vínculo dos membros do Diretório Estadual com a JBS.

Ademais, segue nota da Executiva Nacional do PTB, distribuída na semana anterior aos veículos de comunicação de todo o País, esclarecendo essa matéria.

José Geraldo

Presidente do PTB/TO"