A decisão dos Estados Unidos de suspender a compra de carne bovina in natura do Brasil atingirá diretamente dois frigoríficos do Estado do Tocantins: Minerva, em Araguaína (na região norte do Estado); e Cooperfrigu, com sede em Gurupi (sul tocantinense).

Essas plantas frigoríficas são as únicas do Tocantins habilitadas para vender para os Estados Unidos após acordo fechado entre os governos brasileiro e norte-americano em 2016.

O Tocantins tem nove frigoríficos com inspeção federal. Juntos, em 2016, abatiam 3.200 animais por dia e geravam 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos.

A decisão dos Estados Unidos foi conhecida no final da tarde desta quinta-feira, 22. Quem anunciou foi o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue. Segundo ele, foram suspensas todas importações de carne fresca do Brasil, devido a preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados ao mercado americano, segundo comunicado na página do USDA.

A suspensão dos embarques permanecerá em vigor até que o Ministério da Agricultura brasileiro tome medidas corretivas que o USDA considere satisfatórias, diz o comunicado.

Medidas corretivas

Nesta semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, depois de autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina contra a febre aftosa. Segundo nota do ministério, a proibição continuará em vigor até que sejam adotadas "medidas corretivas".

De acordo com a pasta, foram suspensas as exportações de três plantas da Marfrig, localizadas em São Gabriel (RS), Promissão (SP) e Paranatinga (MS); uma da JBS, localizada em Campo Grande (MS); e uma da Minerva, em Palmeiras de Goiás (GO).

Outra ameaça

A situação poderá piorar. Há uma semana, um dos maiores mercados para a carne brasileira, a União Europeia sinalizou a possibilidade de banir importações vindas do Brasil.

Em carta enviada ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, afirma que o Brasil não tem feito nada para retomar a confiança do bloco após o escândalo provocado pela Carne Fraca.

A operação, deflagrada em março, revelou que empresas do setor de carnes pagaram propina a fiscais do Ministério da Agricultura, em troca da liberação de produtos fora das especificações sanitárias.