À esq. Delegado Israel Andrade e Delegado Bruno Baezza.

Os delegados responsáveis pela investigação do latrocínio do empresário araguainense José de Almeida Carneiro de Sousa descartaram a possibilidade de crime encomendado. Israel Andrade e Bruno Baezza concluíram o inquérito e deram detalhes sobre o caso em entrevista coletiva nesta quarta-feira (5).

O empresário foi morto em troca de tiros com bandidos no último dia 25 de junho, quando chegava numa caminhonete Hillux em sua casa, no setor Rodoviário. Um assaltante foi morto e outro ficou paralítico.

Escolha da vítima

Segundo os delegados, a vítima foi morta covardemente com 10 tiros. A princípio, o caso era investigado como crime de encomenda porque foi encontrada uma fotografia da vítima na cena do crime. Entretanto, com o decorrer das investigações a hipótese foi descartada.

Delegado Israel Andrade disse que o próprio assaltante que ficou ferido, Edésio Correia da Silva, confessou aos investigadores que saiu naquela noite de domingo com o comparsa Fábio Soares Gonçalves a procura de vítimas para cometer assalto. Inclusive, a dupla havia roubado uma caminhonete três horas antes do latrocínio, por volta das 7 horas da noite. No entanto, eles resolveram abandonar o veículo próximo ao pátio do Detran e saíram na caçada por outras vítimas.

Ao rodar pelo setor Rodoviário, o assaltante Edésio disse que viu quando o empresário entrou na casa com a caminhonete e deixou o portão aberto. "A Hillux entrou, nós demos a volta pelo quarteirão. Aí decidimos assaltar e roubar aquela Hillux" disse Edésio aos investigadores.

Chegando na casa, os assaltantes foram surpreendidos pela vítima que estava armada. O empresário estava dentro do carro, gritou assustado e jogou alguns papeis nos bandidos e até um pote de sorvete. Inclusive a foto dele que ficou na cena do crime.

Versão do assaltante ferido

De acordo com o delegado Israel, na versão de Edésio aos policiais a vítima reagiu imediatamente. "O Edesio disse que recebeu o tiro no pescoço e logo caiu ao chão e não se movimentou. Sendo que o Fábio foi quem trocou os tiros com a vítima, também foi atingido e saiu do local" explicou o delegado.

O delegado informou ainda que segundo a versão do Edésio, o comparsa Fábio teria voltado ao local, pegou a arma dele ? a do Fábio falhou?e deu mais tiros no senhor José Almeida. Fábio ainda teria tentado roubar a caminhonete novamente, abandonando a arma.

Autor dos tiros contra o empreário

Entretanto, as investigações apuraram que a versão de Edésio não bate com a realidade. "Nós conseguimos chegar a conclusão, através de perícia e da prova testemunhal, e até mesmo por questão de lógica, não foi isso que ocorreu. O Senhor José de Almeida foi morto de maneira covarde pelo Edésio" revelou o delegado.

A polícia concluiu que houve dois momentos de tiroteio. O primeiro em que a vítima atingiu os assaltantes e o segundo, quando o assaltante ferido se fingiu de morto e atirou contra a vítima.

"Após essa breve troca de tiros, que eu acredito que foi reação do senhor José de Almeida, Edésio sofreu o disparo de arma de fogo e realmente caiu ao chão, já perdendo os movimentos das pernas. E nisso, o Fábio também foi atingido, fugiu do local e foi parar numa rua ali nas proximidades, morrendo logo em seguida" esclareceu o delegado Israel.

O filho da vítima estava no segundo andar da casa. Ao ver o pai pedindo socorro, ligou para a polícia. Ele  desceu e foi ao encontro do pai, onde até chegou a entregar o celular para que o pai falasse com a polícia.

"Ele chegou a passar o celular para o pai dele. O PM que atendeu a ocorrência disse que falou com o pai do garoto. Ele pediu o Samu, tinha levado um tiro no pé, mas estava bem". Nesse momento o adolescente viu Edésio deitado no chão de barriga para baixo.

Conclusão da investigação

O delegado Bruno Baezza explicou que "após esse contato com a polícia, [José de Almeida] foi pego de surpresa.  A vítima foi morta de forma cruel, de forma covarde pelo Edésio. (...) Os tiros foram todos agrupados. E isso não é vestígio de troca de tiros. O que permite concluir que a vítima foi morta de forma covarde.

Pedido de socorro a mãe

Outro ponto curioso revelado na investigação é que após a morte do empresário o suspeito Edésio ligou para a mãe para pedir socorro, pois estava ferido e sem os movimentos. A mãe dele chegou na cena do crime no exato momento em que a viatura da PM atendeu a ocorrência. Edésio Correia da Silva, 31 anos, foi indiciado por latrocínio consumado e foi preso quando recebeu alta do HRA.

Ato heroico

Já o delegado Bruno Baezza reforçou que a vítima não deve reagir a assalto, mas acredita que o empresário agiu em defesa do filho. "A gente quer destacar que a pessoa nunca deve reagir a um assalto. Mas o José de Almeida, ele agiu até de forma heroica, porque como ele tinha um filho dentro da casa dele, a gente acredita que ele agiu para proteger o filho dele, um adolescente de 13 anos".

Leia+

http://araguainanoticias.com.br/noticia/26332/empresario-de-araguaina-morre-ao-reagir-assalto-mas-mata-criminoso-e-deixa-outro-ferido/