À esquerda, Policial Sanyo e a direita, casal Brenda e Lucas.

Oito meses depois, acontece nesta terça-feira (19) em Araguaína a primeira audiência do caso do PM acusado de atropelar e matar um casal na BR 153. O acidente ocorreu no dia 1º de janeiro deste ano, o policial responde ao processo em liberdade e a família das vítimas espera que a Justiça seja feita.

1ª Audiência

Sanyo Oliveira Silva, 42 anos, foi denunciado por lesão corporal, embriaguez ao volante e disparo de arma de fogo. No último dia 13 de junho o Juiz Francisco Vieira Filho recebeu a denúncia e nesta terça-feira (19) acontece a primeira audiência de instrução, a partir das 15h30 na 1ª Vara Criminal de Araguaína.

Ao todo, 15 pessoas serão ouvidas, entre PMs, Policiais Rodoviários Federais, funcionários de Hospital e familiares das vítimas.  A audiência está marcada para às 15h30 desta terça-feira, na 1ª Vara Criminal de Araguaína.

Vítimas

Sanyo é acusado de atropelar e matar Brenda Miranda Lima Ferreira (23 anos) e Lucas Alberto Rocha (25 anos). O casal trafegava pela BR 153, nas imediações do setor Nova Araguaína, quando o carro do PM atropelou a moto em que estavam e a arrastou por vários metros. Os dois ficaram gravemente feridos, foram socorridos, mas morreram no Hospital Regional de Araguaína (HRA).

Inquérito

A perícia constatou que o veículo do policial Sanyo trafegava a 111 km/h no local em que a velocidade máxima permitida era de 30km/h. Testemunhas relataram que antes do acidente o PM estava bebendo e visivelmente alcoolizado. E também sacou a arma e atirou para cima para afugentar os curiosos do acidente.

Relato da mãe de Brenda

Em entrevista ao AN, a mãe de Brenda, dona Eronildes Miranda da Silva descreveu o pesadelo que tem vivido ao longo desses oito meses sem a filha. Também relembrou os sonhos interrompidos para sempre no trágico acidente. Além disso, criticou o corporativismo da PM em proteger o policial.

Sonhos interrompidos

Dona Eronildes relembrou os projetos da filha que morreu juntamente com o noivo. "É muito difícil explicar a dor da perda de um filho. Pois é algo que a gente nunca imagina sentir. (...) Minha filha estava noiva, ia casar em julho, ia casar na praia. Na contagem dela faltavam cinco dias para receber a casa própria. Já pronta para um novo emprego".

Emocionada, Eronildes falou sobre o pesadelo que tem vivido nos últimos oito meses e a difícil missão de explicar aos netos que a mãe deles morreu. "Não tem explicação. Como explicar a dor de seus filhos [de Brenda] dizendo que está querendo a mãe deles. (...)  Hoje mesmo, o de cinco anos dormiu e acordou falando que estava com saudades da mãe dele", desabafou a mãe de Brenda.

Proteção ao PM

Além da dor da perda, Eronildes lamenta que o PM responda em liberdade e criticou o corporativismo da Polícia. "A gente tem repúdio pelas autoridades. Em ver uma pessoa fazer isso e não ter punição. Pois o indivíduo [PM] tava bêbado, em alta velocidade, passa por cima da minha filha, arrasta ela 65 metros, e assim mesmo é retirado do local pelos colegas, levado para o Hospital. E lá ele é escoltado o tempo todo".

Também reclamou que o HRA deu tratamento diferenciado ao PM. "A hora da maior tristeza da minha vida e da mãe do Lucas, o cara estava sentado com a mulher escorada nele, no lado de dentro do Hospital. E agente tava do lado de fora, nossos filhos morrendo lá, sem a gente poder entrar. E o cara sem sentir nada, do lado de dentro".

Explicação aos netos

Eronildes finaliza a entrevista com um relato emocionado e lamentando faltar palavras para explicar aos netos o trágico acontecido.

"É muito difícil virar noites sem dormir. É uma dor que não tem explicação a gente viver sem saber que punição esse cara vai ter. Tenho conhecimento que ele foi acampar em praias, curtindo, bebendo, tendo a mesma vida de antes. Como que a gente pode ter paz? Vê eles [filhos de Brenda] dá febre emocional e a gente ter muito que explicar para eles, sem saber muito o que falar. A não ser dizer que a mãe deles está no Céu", finaliza Eronildes, em meio as lágrimas.

Leia+

http://araguainanoticias.com.br/noticia/20636/inquerito-sobre-morte-de-casal-na-br-153-aponta-que-pm-andava-111-kmh-onde-o-permitido-era-30-kmh/

http://araguainanoticias.com.br/noticia/19575/casal-morre-apos-acidente-envolvendo-pm-na-br-153-em-araguaina-militar-atirou-para-afastar-curiosos/