Pesquisa aponta que 73% das mulheres do Tocantins não fazem papanicolau
 

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica apontou que no Tocantins 73 % das mulheres não fazem o papanicolau, apesar do câncer de colo de útero ser o terceiro com maior número de casos no Brasil. Em nível nacional, 52% das brasileiras deixam de fazer o exame.

O papanicolau ou preventivo não leva mais que cinco minutos e pode salvar a vida da mulher. É feito com o espéculo, um instrumento em forma de bico de pato e uma espécie de escovinha. Um exame simples, mas capaz de impedir que algo mais grave aconteça.

"Ela não vai sentir dor, nem vai chegar a ter um câncer invasivo. Ela pode ter até uma lesão, uma displasia, que é uma lesão inicial, pré-maligna, mas ela nunca vai chegar a uma lesão maligna porque ela sempre vai ser tratada antes", garante a ginecologista e obstetra Clélia Motta.

Já um levantamento feito pelo Ministério da Saúde, usando outra metodologia para investigar o assunto, mostrou que 20% das brasileiras com idades entre 25 e 64 anos, não tinham feito o exame nos três anos anteriores à pesquisa. Média que reflete a realidade no Tocantins.

As piores regiões foram Norte e Nordeste. Nelas, pelo menos 30 % das mulheres, em estados como Amapá, Maranhão, Sergipe e Ceará não fizeram exames nos últimos 3 anos. E 9 % das brasileiras, segundo o Ministério, nunca fizeram o papanicolau ao longo da vida.

Entre os motivos apontados pelas entrevistadas estão, não achar necessário ou não ter sido orientada a fazer o exame.

"Tem desculpa para não fazer? Eu falo como médica e falo como mulher porque me submeto a ele regularmente. Não tem. Não tem mesmo. Não tem desculpa uma paciente que não faz", enfatiza a médica.

Exame

A Organização Mundial da Saúde recomenda um exame anual entre os 25 e os 64 anos de idade. Se o primeiro resultado for negativo, a paciente pode fazer o papanicolau apenas a cada dois ou três anos.

"É um exame importante para mulher porque consegue diminuir a incidência de colo de útero em até 80% dos casos. É um exame simples, fácil. A mulher consegue fazer em postinho de saúde próximo à sua residência, em clínicas particulares também", explica a oncologista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

A dona de casa Francisca Maria da Luz, de 57 anos, sempre faz o preventivo no posto de saúde. "Fazer é bom porque se a gente souber é mais fácil de tratar e se não fizer, quando for fazer, aí já é tarde", diz.

Câncer

A principal causa do câncer de colo de útero é o papilomavírus humano (HPV), que pode infectar homens e mulheres. Normalmente ele é transmitido durante o sexo. A melhor forma de evitar o contágio é usar a camisinha.

Também existe uma vacina contra os tipos mais perigosos de HPV, que é aplicada antes de começar a vida sexual das pessoas. Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 devem ser imunizados.

Para a auxiliar de cozinha Maíse dos Santos, mulher só ia no ginecologista por dois motivos. "Ou está grávida ou está doente".

Mesmo quando tinha algum problema ginecológico, ela ficava constrangida em procurar ajuda médica. "É isso que acontece. Aí começa a falar, aí um fala daqui, aumenta a história dali. Aí eu tinha vergonha de ir e não ia. Aguentava minhas dores sozinha."

Depois de menstruar por quarenta dias, ela foi ao médico, fez o exame papanicolau e descobriu que estava com câncer de colo de útero. Passou por químio e radioterapia, se curou e aprendeu a lição. "Façam preventivo. Se quer namorar, use camisinha porque hoje não é fácil", recomenda.

A Maíse sabe bem o quanto o exame foi fundamental para iniciar logo o tratamento. "Hoje eu não sinto mais nada e trabalho normal. Vida nova. Hoje eu tô vendendo saúde", comemora.