Byanca Marchiori é instrumentadora do HGP

Uma servidora trans do Hospital Geral de Palmas denunciou à Polícia ter sido vítima de discriminação por parte de um médico na segunda-feira (6). A servidora é Byanca Marchiori, presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins.

Ela disse que o ato discriminatório foi cometido pelo médico dentro de uma sala cirúrgica do HGP, na presença de paciente que seria operado. Byanca trabalha como instrumentadora no hospital há 3 anos e participaria da cirurgia junto com outros profissionais, quando o médico chegou na sala já gritando com ela.

"A sala estava cheia, com umas dez pessoas e o paciente, e ele chegou gritando: ?Eu não quero você instrumentando?, e disse que eu saísse da sala. Como continuei, ele disse que ele mandava na sala", contou. Byanca começou a gravar a ação do médico e ele repetiu as palavras agressivas.

A instrumentadora disse ainda que o médico já a destratou em outra ocasião e que a chamou de "péssima profissional". Ela saiu da sala aos prantos e depois denunciou o caso registrando um boletim de ocorrência.

Uma nota divulgada pela Atrato, presidida pela própria Byanca, a associação repudiou a atitude do médico. Afirma ainda que ele se dirigiu à servidora chamando-a de "rapaz", o que para a associação é um sinal de "transfobia por não respeitar a identidade de gênero de Byanca". O caso foi considerado pela Atrato como "violência verbal, laboral e transfóbica".

A nota da Atrato afirma ainda que esse tipo de ação do médico foi relatado por outros profissionais

Ação da Defensoria

A servidora também procurou a Defensoria Pública que já oficiou o Hospital Geral de Palmas (HGP) e a Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), nesta quarta-feira, 8. A DPE solicitou informações e recomendou que providências sejam tomadas para apurar denúncia de preconceito.

Os encaminhamentos foram feitos, de forma conjunta, pelos coordenadores dos Núcleos Aplicados das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac) de Palmas e Araguaína, a defensora pública Letícia Amorim e o defensor público Sandro Ferreira. Para os dois defensores, conforme a denúncia, a servidora sofreu violação de direitos humanos com indícios de conduta preconceituosa por se tratar de uma mulher trans.

Diante da situação, e considerando que a Defensoria atua em favor das minorias e na garantia dos direitos de todos os cidadãos, a defensora pública Letícia Amorim e o defensor público Sandro Ferreira recomendam à Sesau e ao HGP que, caso ainda não haja procedimento interno para apurar os fatos, que seja instaurada uma sindicância.

A defensoria também pediu informação sobre registros de cancelamento ou suspensão de cirurgia em razão de recusa do médico acerca da equipe.