Concurso da PM está suspenso desde março.

A Polícia Civil concluiu nesta semana o inquérito que investiga fraude no concurso da Polícia Militar do Tocantins. Os delegados responsáveis pela investigação encontraram 35 números de telefone envolvidos no esquema.

A Polícia Civil conseguiu identificar 16 candidatos que receberam o gabarito não oficial do certame. Outros 19 não foram identificados, porque os números estavam cadastrados em nome de terceiros não envolvidos no esquema.

Além dos 16 candidatos identificados, três pessoas foram apontadas como mentoras do esquema criminoso. Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas e vão responder por associação criminosa e fraude em concurso público.

De acordo com a Polícia, um dos candidatos que participou da fraude contou que pagaria pelo gabarito o valor correspondente a dez vezes o salário do cargo de soldado. Ele admitiu que pagou inicialmente R$ 5 mil para o suposto líder da quadrilha --Antônio Ferreira Lima, o Antônio Concurseiro--, e depois da aprovação faria um empréstimo para pagar mais R$ 45 mil.

Entenda

As investigações iniciaram depois que um aparelho de celular foi encontrado debaixo de uma lixeira em dos locais de prova em Araguaína. O aparelho continha um gabarito com 41 questões corretas de um total de 60.

"Esta quantidade de acertos se mostra suficiente para credenciar eventual candidato a prosseguir no concurso, o que reforçou os indícios de crime", diz o relatório da polícia.

Depois disso, a polícia executou a operação Aleteia e prendeu 14 pessoas. Entre elas o homem que seria o mentor da fraude: Antônio Ferreira Lima Sobrinho, conhecido como Antônio Concurseiro.

O concurso

As provas do concurso foram aplicadas no dia 11 de março em 17 cidades. Foram oferecidas 1 mil vagas para soldado e mais 40 para oficial da PM. Depois de um mês da aplicação, o concurso foi suspenso em razão da cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB).

Durante as investigações, o delegado José Anchieta de Menezes afirmou que todo o concurso pode ter sido prejudicado. Em entrevista coletiva em Araguaína, os delegados responsáveis pela investigação estimaram que 100 pessoas poderiam ter se beneficiado com a prova.

Depois disso, o Ministério Público Estadual também se manifestou e recomendou que o concurso não fosse retomado.

O que diz a AOCP

Ao G1, a empresa AOCP, organizadora do concurso público da Polícia Militar negou que haja fraude e disse que o concurso encontra-se íntegro. Disse ainda que não é possível afirmar que os 35 números de telefone receberam o mesmo gabarito, pois a análise feita pela empresa identificou apenas cinco candidatos com respostas semelhantes.

"Conhecendo as respostas constantes no celular apreendido, efetuamos criteriosa análise estatística na busca por gabaritos preenchidos de forma idêntica ao do aparelho e encontramos apenas um. Aplicamos também o critério de erros coincidentes para buscar possíveis fraudadores, da mesma forma encontramos apenas uma folha de resposta com 100% de erros idênticos."

A empresa afirmou ainda que estendeu a busca e chegou a apenas cinco suspeitos, que também fazem parte da lista de 16 candidatos identificado s pela polícia

"O gabarito do celular apreendido não era o gabarito oficial do concurso. Das 60 questões da prova o celular apreendido só apresentava 42 questões corretas em relação a apenas um dos quatro tipos de cadernos de questões."

Por fim, a empresa disse que espera que o concurso seja retomado.

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http://araguainanoticias.com.br/noticia/44337/investigacao-partir-de-celular-com-gabarito-leva-prisao-de-12-suspeitos-de-fraudar-concurso-da-pm-to-2/