João Olinto não permitiu a entrada dos fiscais sem uma

Fiscais ambientais, da Defesa Civil e Vigilância Sanitária foram barrados na primeira tentativa de apurar a denúncia no galpão que armazenava cerca de 200 toneladas de lixo hospitalar de forma clandestina no Distrito Agroindustrial de Araguaína (Daiara).

Um vídeo gravado durante a ação mostra o ex-juiz eleitoral João Olinto Garcia de Oliveira, pai do deputado estadual Olyntho Neto, questionando a atuação dos servidores.

Inicialmente, o ex-juiz pergunta se os fiscais possuem alguma "ordem de serviço" para entrar na empresa e diz que sem o documento a atuação "é ilegal" e configura uma "invasão".

"A denúncia caducou pela ausência da Ordem de Serviço, vocês terão que ter uma segunda denúncia anônima registrada por telefone, tudo bonitinho, para soltar uma O.S e vir. E cada departamento que está aqui tem que chegar com a OS. A polícia tem que ter um mandado para entrar em qualquer residência e fazer fiscalização. Sem ordem de serviço é invasão, é ilegal", diz o ex-juiz.

Após muita conversa, uma das fiscais da Vigilância Sanitária diz que vai providenciar a ordem e retornar ao local. Na sequência, João Olinto ainda questiona: "Vocês vão voltar hoje?".

No mesmo dia, os fiscais retornaram ao local acompanhados da polícia e flagraram uma montanha de lixo hospitalar dentro do galpão. Havia seringas, curativos e resíduos com potencial risco de contaminação.

A responsável pelo lixo é a empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, contratada sem licitação pelo Governo do Estado para coletar o lixo em 13 hospitais públicos. O valor do contrato é superior a R$ 500 mil por mês.

No galpão deveria funcionar duas empresas cadastradas no nome do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB).

Na segunda-feira (12) um caminhão com lixo hospitalar foi encontrado dentro do terreno do hotel que pertence a João Olinto. O veículo estava no nome da empresa Agromaster S/A, também registrada no nome do deputado estadual.

Foragido

João Olinto está foragido da justiça e é apontado pela polícia como sócio oculto da empresa Sancil.

Durante o cumprimento do mandado de prisão, o ex-juiz conseguiu fugir por uma mata nos fundos do hotel. A polícia também fez buscas no escritório dele e encontrou o local todo revirado e sem alguns equipamentos.

Duas funcionárias de João Olinto também estão com a prisão decretada: Ludmila Andrade de Paula e Waldireny de Souza Martins. Elas aparecem como sócias da empresa e são acusadas de crime ambiental e organização criminosa.