Segundo professora, Colégio Adolfo recebeu 30 alunos especiais, mas nenhum tem acompanhante.

Estudantes com deficiência não estão conseguindo assistir aulas na rede estadual em Araguaína. O motivo: falta profissionais especializados para acompanhar esses alunos. Desde que começou as aulas, dia 4 de fevereiro, o governo não recontratou esses profissionais.

Sem os mediadores que acompanham crianças com diversos tipos de deficiência em salas de aula regulares, muitas estão ficando em casa ou se virando como podem na escola.

A professora Virginia Reis Figueira é mãe da aluna Lauane Figueira Souza, 13 anos, diagnosticada com autismo grau severo. Virginia dá aulas no Colégio Est. Adolfo Bezerra de Menezes, no bairro São João, onde a filha é matriculada.

No entanto, ela contou que Lauane ainda não foi à escola este ano porque falta profissional para acompanha-la. Segundo a professora, este ano o Colégio Adolfo recebeu 30 alunos com deficiência, 24 deles têm laudo médico, mas nenhum tem acompanhante.

"Como a Lauane, só na minha escola possuem mais 29 crianças especiais que deveriam estar acompanhadas, mas ou estão em casa, ou "excluídas" em algum lugar da escola. Porque é humanamente impossível o professor conseguir conciliar tudo sozinho. Apesar de todo esforço da direção e de denúncias no Ministério Público nada aconteceu", relatou Virginia.

Na semana passada a filha de Virginia sofreu um acidente doméstico no horário que deveria estar na escola. Lauane derrubou um copo e caiu por cima dos cacos. Se cortou e levou 14 pontos na perna e 4 no braço.

"Eu tive que tirar uma licença médica porque não tive condições psicológicas de deixar ela em casa depois do que aconteceu. E quantas escolas públicas não estão do mesmo jeito [sem acompanhantes?] Na minha escola são 30." Desabafou.

Importância dos acompanhantes

Virginia explicou ainda que no ano passado a escola contava com mais de 10 alunos especiais e cada um deles tinha seu próprio acompanhante. Com o sucesso das atividades em 2018, a escola atraiu a atenção de pais que esperavam um tratamento melhor aos filhos.

Ela frisou ainda que devido a demanda a diretora até montou uma Sala de Recursos Especiais, mas o Estado não autorizou contratação de acompanhantes. Esses profissionais são responsáveis por adaptar o conteúdo repassado pelo professor conforme a capacidade do aluno com deficiência. Eles acompanham o estudante durante o horário de aula.

"Minha aluna escuta pouco, ela conseguia ouvir a voz da mediadora por leitura labial. Tinha um aluno cego que a professora [acompanhante] ajuda com braile" explicou Virginia sobre a importância dos profissionais.

Já a Sala de Recursos oferece reforço no contraturno, com atendimento individualizado para cada dois alunos. No entanto, sem esses profissionais, ela lamenta que os casos graves são orientados a ficar em casa.

"Os casos mais graves como a minha filha, que não tem como ficar sozinha na sala, porque ela grita. As vezes ela não consegue ficar na sala. Esses casos mais graves que a criança tem um atraso maior, eles estão pedindo pra ficar em casa. Por que o que a escola pode fazer?" Revelou Virginia.

O que diz a Seduc

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) informou que a Diretoria Regional de Educação (DRE) de Araguaína está finalizando o processo de levantamento das demandas de alunos que necessitem de acompanhamento especial durante o ano letivo de 2019.

Sem mencionar prazo, a Seduc reforçou que "tão logo este levantamento seja finalizado, irá dar prosseguimento aos processos de autorização e contratação desses profissionais que atuarão na rede estadual de ensino".