Palácio Araguaia

Duas ex-servidoras da extinta Secretaria-Geral de Governo afirmaram em depoimento à Polícia Civil que trabalharam na campanha política do governador Mauro Carlesse (PHS) e da deputada estadual Valderez Castelo Branco (PP). Elas foram ouvidas nesta quinta-feira (14) em mais uma fase da Operação Catarse.

Equipes da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic-Norte) de Araguaína cumpriram quatro mandados de busca e apreensão.

Conforme levantado pelo AF Notícias, as duas ex-servidoras são Layla Luana Rodrigues de Moura Luz e Maria do Socorro Fontes de Sousa. Elas foram interrogadas pelo delegado José de Anchieta, da DEIC.

Segundo o delegado, as duas foram nomeadas em março de 2018, ainda na gestão de Marcelo Miranda, sendo mantidas nos cargos até dezembro. Em depoimento, disseram que o serviço prestado foi pedir votos nas ruas para a deputada Valderez e para o governador.

"Eu fui lá para ela [Valderez] me arrumar um emprego. Eu estava desempregada. Aí ela arrumou. Na política dela a gente trabalhou na rua, pedindo votos", disse uma das ex-servidoras à reportagem do AF.

A outra afirmou que recebia R$ 1,2 mil por mês e que trabalhou tanto na campanha da eleição suplementar de junho, quanto na eleição geral de outubro.

De acordo com o delegado, as mulheres trabalharam em campanha, mas eram renumeradas apenas com o dinheiro que recebiam do Estado.

O que dizem os citados

A deputada estadual Valderez Castelo Branco disse que não foi informada oficialmente sobre o assunto. Afirmou que, "assim que tomar conhecimento dos fatos, se colocará à disposição para dirimir todas às dúvidas".

Já o governo do Estado afirmou que "não existem servidores fantasmas na atual administração". Destacou ainda que a operação não ocorreu em órgão público do Estado e não está relacionada à atual administração em virtude de a Secretaria de Governo já ter sido extinta.

Operação Catarse

Esta foi a primeira fase da Operação Catarse depois da publicação do decreto batizado de "Lei da Mordaça". A Catarse investiga funcionários fantasmas em órgãos públicos e danos ao erário. As investigações começaram depois de denúncias em dezembro de 2018. Na época, a polícia informou que encontrou indícios de 300 funcionários, lotados na então Secretaria-Geral de Governo, que estariam recebendo sem trabalhar.

Após desdobramentos da operação, já foram cumpridos mandados na Câmara de Porto Nacional, onde um grupo é suspeito de desviar R$ 700 mil. Gabinetes de três deputados da Assembleia também já foram alvo.

Além disso, no último dia 19, os policiais cumpriram mandados para investigar servidores fantasmas na Saúde em Araguaína. A estimativa é de prejuízo de R$ 1 milhão aos cofres públicos.