Pacientes acumulados nos corredores do HRA dia 29/04.

Denúncia aponta falta de medicamentos, insumos e materiais no segundo maior hospital Público do Tocantins, o Hospital Regional de Araguaína (HRA).  Vídeos enviados ao AN mostram corredores cheios de pacientes, dentre eles, muitos idosos, que deveriam ficar internados em local apropriado.

Segundo relato à reportagem nesta terça-feira (1º) falta dipirona, insulina, medidor de pressão, oxigênio, álcool, gases para curativo, antibiótico para cirurgia e luvas na unidade hospitalar.  Inclusive, menciona racionamento de produtos de higienização no HRA.

Uma servidora revelou à reportagem no dia 29 de abril que havia apenas um pouco de álcool (conforme a foto) para atender 17 pacientes internados até o fim do plantão. Familiares de pacientes confirmaram que médicos chegam a pedir até insulina. Os medicamentos são comprados nas farmácias e levados para amenizar o sofrimento das pessoas.

Entre vários casos, a reportagem conversou com Eldemar Marinho, que acompanha a mãe idosa internada no hospital há quatro meses. Indignado, ele reclamou da falta de medicamentos e situações extremas como a falta até de oxigênio no leite de internação.

--Aparelho de aerossol, aparelho para aferir pressão não tem no hospital. As enfermeiras criticam e de outros postos já pedem pra comprar, porque no hospital não tem. Para minha mãe temos que comprar praticamente tudo, porque no hospital não tem.

Precariedade 

Ele relatou ainda que passou uma situação extrema com sua a mãe doente no último dia 26 de abril. "Chegamos com minha mãe que depende de oxigênio 24h, e a enfermeira disse que o hospital estava sem oxigênio. Depois de meia hora, depois que começou a ficar com a língua roxa, que foram encontrar um oxigênio pra ela"_conta Eldemar.

Ainda no dia 29 de abril, uma funcionária relatou que o corredor estava um caos porque a sala de cirurgia estava parada devido a falta de antibiótico para realizar cirurgia.

A funcionária pública L.P.S contou que ficou "horrorizada" quando acompanhou uma amiga no hospital. Ela também denunciou a falta medicamentos como dipirona, luvas e saco coletor 2.000 ml sistema aberto.

Falta de organização

Acompanhantes também apontam precariedades com atendimentos e falta de organização da antiga sala amarela. Meire Pereira acompanha a mãe idosa de 72 anos relatou a situação, prejudicial tanto para a paciente como para quem trata.

"Enfermeiros fizeram curativo na úlcera da minha mãe sem luvas. Um absurdo! Essa ferida ela adquiriu lá mesmo, por falta de cuidados. A ferida nas costas dela chegou ao osso e os profissionais da chamada sala amarela não nos falavam. Perguntávamos se ela tinha algum ferimento, falavam que não.  Sentíamos o cheiro de podre. Só na UTI que foram tratar".

Meire chamou a atenção para falhas na comunicação entre médicos e equipe de enfermagem. "Minha mãe passou três dias de dieta zero. O médico disse que tinha tirado ela da dieta, porém ninguém da equipe de enfermagem sabia informar o porquê de ela não estar se alimentando".

Idosos pelos corredores

Segundo a denúncia, pacientes idosos que deveriam ter tratamento diferenciado são vistos em cima de macas pelos corredores e pela sala crítica do hospital.

"Minha sogra está há mais de 24 horas em dieta zero, em cima de uma maca. Muito desconfortável pra idade dela. Está esperando pra fazer uma endoscopia, está pedindo água e não deixam dar porque senão não poderá fazer." Relatou Franciele no dia 29 de abril.

Situação semelhante passa o pai de Francisco de Assis Gomes da Silva, que sofreu um AVC. Ele conta que o pai tem 73 anos chegou ao hospital na manhã do dia 29 e até as 15h00 estava sem comer.

"Chegamos, o atendimento foi rápido. Colocaram meu pai no corredor em cima de uma maca, no chão. Só depois que fomos a Ouvidoria que colocaram ele aqui na sala crítica. Até agora sem comer, e sem vir nenhum médico Neurologista, sem fazer exame. E está com fome pedindo comida."

O que diz a Secretaria de Saúde

Em nota enviada nesta manhã, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) negou a falta de medicamentos .

"As unidades hospitalares geridas pelo Executivo Estadual, estão abastecidas de medicamentos e insumos de rotina necessários para os atendimentos e trabalha para solucionar algumas faltas pontuais".