Fernando Almeida

A Secretaria de Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) encaminhou na tarde desta quarta-feira, 14, da capital Palmas para a cidade de Araguaína o Delegado Chefe da Polícia Civil (PC) Bonfim Santana e o Corregedor Geral José Evandro de Amorim.  A Corregedoria da Polícia Civil (PC) já abriu Sindicância apurar se houve abuso de autoridade na conduta da delegada que se recusou entregar um veículo aos agentes de Colinas, apreendeu equipamentos de reportagem e ameaçou processar profissionais da imprensa araguainense.

Os enviados da SSP-TO chegaram por volta das 17h40 à Delegacia de Investigações Criminais (DEIC) onde tiveram uma reunião, que durou cerca de uma hora, de portas fechadas com a delegada titular Maria Dinesitania Cunha. Durante este período, foi entregue aos agentes da Polícia Civil de Colinas do Tocantins a caminhonete que na última segunda-feira (14) desencadeou toda a confusão. 

Prazo para apuração

Após se inteirarem da situação, os representantes da Cúpula da PC concederam   entrevista coletita no Complexo de Delegacias de Araguaína para falar sobre o ocorrido. O delegado geral da Polícia Civil explicou que durante a Sindicância (30 dias) a delegada permanecerá no cargo, mas adiantou que, caso seja comprovado, ela pode sofrer punição que vai desde sanção administrativa, penal ou se afastar por motivos de saúde. “Talvez um fato desencadeia os três procedimentos. Talvez apenas um resolve a situação,” ponderou.

Delegada x Agentes de Colinas

Em relação a recusa da delegada da DEIC de Araguaína a entregar a caminhonete aos agentes de Colinas, Bonfim Santana  atribuiu a uma falta de comunicação. “Veio um memorando para repassar  a caminhonte e reconduzir pra Colinas. (...) A caminhonete ficou parada durante muito tempo (11/13 a 01/14) então isso gera uma série de consequências porque precisa fazer uma perícia antes de ser removida. (...a cópia que a Delegada despachou não tinha chegado ainda. (...) então o pessoal de Colinas chegou na DEIC só com o recibo que eles tinham entregado na Regional,” amenizou.

Encaminhamento ao Judiciário e MPE

O chefe da  PC, Bonfim Santana,  ainda enfatizou que não pode julgar o fato, mas que tudo será apurado. “Isso é um fato que a Secretaria lamenta o ocorrido, porque tanto a delegada quanto a repórter estavam trabalhando. O que foi lavado a ocorrência, foi um possível crime de menor ocorrência de potencial ofensivo, e isso será judicializado. Quer dizer, se alguém cometeu algum abuso, algo além do que deveria, se houve excesso, vai ter uma análise do Poder Judiciário e do Ministério Público.”

Penalidades

Já o Corregedor Geral da PC adiantou que o caso precisa ser apurado, as partes precisam ser ouvidas primeiramente para se tomar decisões  e/ou aplicar as sanções.” A gente vai instaurar um procedimento e ver se é questão de afastar ou tomar outras medidas. Os policiais de Colinas foram ouvidos preliminarmente, mas formalizado ainda não. Hoje foi instaurado o procedimento hoje e vai ser tomado os depoimentos. A penalidade depende da apuração dos fatos. Vai desde advertência, suspensão ou demissão,” explicou.

Histórico

A confusão teve início na segunda-feira (14), quando Agentes da Polícia Civil de Colinas se deslocaram a Araguaína, com uma ordem judicial, para levar uma caminhonete S10.  No entanto, a titular da DEIC Araguaína, delegada Maria Dinesitania Cunha, se recusou a entregar o veículo aos agentes. E quando a imprensa chegou para acompanhar o caso, a delegada visivelmente abalada, segundo o Jornal do Tocantins, solicitou a saída de jornalistas e cinegrafistas das dependências da DEIC e ameaçou processar, caso alguém registrasse imagens dela.

Ainda segundo o JTO, a delegada solicitou que o agente convidasse os repórteres da TV Anhanguera, Jornal do Tocantins, Band e TVE a voltarem à delegacia e apresentassem a documentação. “Logo depois, ela mudou de ideia e liberou alguns deles, impedindo, porém, a saída da repórter, Leidy Vieira, e do cinegrafista Maycon Lopes, (TVE), cita o trecho da reportagem do Jornal do Tocantins. Os dois ainda foram obrigados a assinarem um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO).

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