
Aceitar a textura natural do cabelo foi um divisor de águas para a empresária e terapeuta capilar Ariana Albuquerque. Por muitos anos ela se submeteu a procedimentos de alisamento, relaxamento e coloração. A prática acarretou em sérios danos tanto à fibra capilar, quanto ao couro cabeludo. “Fiquei com o cabelo totalmente detonado”, lembra.
Na jornada para recuperar o cabelo danificado e ajudar a filha adolescente a cuidar das madeixas, ela procurou salão especializado em cachos em Araguaína e não encontrou. Com a lacuna no mercado, Ariana viu a oportunidade de buscar conhecimento e empreender na área.
Assim nasceu em 2019 o Cachos Naturais, o primeiro salão especializado em cabelos crespos e cacheados da capital econômica do Estado. As atividades iniciaram quando Ariana ainda estava no final da transição capilar, fase em que se deixa o cabelo aflorar naturalmente sem química.
De lá para cá, Ariana continuou estudando, fez faculdade de Estética e revisou os serviços e produtos. “Agora estou com a parte da tricologia bem mais personalizada, bem mais direcionada, em questão de devolver saúde de uma forma pontual, de acordo com a fase que o fio está”. Relatou a profissional.
Transição
Hoje é cada vez maior o número de mulheres que decidem adotar o visual natural do fio. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Beleza Natural em parceria com a Universidade de Brasília, 70% dos brasileiros possuem cabelos encaracolados. Mas especialmente o público feminino, que nos últimos anos viveu sob influência do padrão da indústria do alisamento, ainda enfrenta dúvidas na hora de assumir as raízes, porque o processo da transição costuma ser delicado e demorado.
Lidar com duas texturas de cabelo nessa fase pode fazer muitas mulheres desistir no caminho. Foi o que Ariana observou durante o período mais difícil da pandemia.
“Quando os salões estiveram fechados, muitas tentaram passar pela transição. Muitas tentaram pela primeira vez. Muitas desistiram, mas muitas conseguiram. Tem gente que tentou em casa, passou a fazer tratamento, usar produtos bem mais direcionado e conseguiram ver retorno totalmente diferente. As que já passaram pela transição comigo, são super felizes com o resultado”.
A terapeuta capilar conta que busca orientar as clientes sobre os benefícios de aceitar e manter o cabelo naturalmente saudável. Inclusive, o acolhimento com carinho das clientes se tornou uma marca de seu salão. “A gente sempre tem uma palavra de conforto. A transição é só uma fase. Mas ela passa”.
Com a satisfação no resgate da autoestima, muitas clientes gravam depoimentos na página do salão e relatam o sentimento de assumir o visual natural. É o caso da professora Sandra.
“Acho que já tem um ano que a gente frequenta o salão, que na verdade é um espaço de terapia capilar. Eu sempre tinha problema com day after, depois que eu comecei a fazer acompanhamento e cuidar realmente do cabelo com a equipe, tanto minha quanto da minha filhinha, a gente vê a diferença dos nossos cabelos antes e depois”. Comemora a cliente.
Em vídeo, outra cliente compartilha a experiência da transição.
Com leque maior de serviços e apoio dos colaboradores Junnyor Sousa e Jaqueline Barroso, o salão recebe crianças, menino ou menina, adolescentes e mulheres adultas.
Especialistas em cachos
Como pioneira no atendimento a crespas e cacheadas, Ariana disse que vê com otimismo o avanço de mais salões especializados em cabelos crespos e cacheados em Araguaína.
“Após ter aberto meu espaço, na cidade já tem outros. Não com o mesmo segmento, mas com o mesmo conceito que é a valorização do cabelo cacheado. É uma coisa bacana. Minha ex-colaboradora hoje tem o próprio espaço dela. Isso é muito bom!”
“Eu comecei com os cachos, mas eu quero que elas entendam que não é só lavar e finalizar. Realmente eu consigo tratar qualquer disfunção que o couro cabeludo tenha.” Afirma a terapeuta.
Para quem pensa em abrir um negócio no ramo da beleza, ela diz que a busca pelo conhecimento deve ser constante. Ariana lembra que procurou por consultoria do Sebrae e os conhecimentos adquiridos sobre gestão e marketing foram fundamentais. Para ela, construir um plano de negócio é essencial.
“Depois de montar o plano, estudar e nunca mais parar. Porque se você quer melhorar, você nunca para. É o que eu fiz. Comecei estudando. Parei, montei uma estratégia e observei o que não tinha em Araguaína. Mas eu sabia o que queria e sei onde quero chegar”. Conclui a empresária.