Hoje é quarta-feira de cinzas, dia que marca o fim do Carnaval e o início da Quaresma, período de penitência. Isso, em tese, significa que muitos extravasaram na folia e agora estão arrependidos ou com remorso. E, conforme reza a tradição católica, precisam “pagar o preço” para obter o perdão. 

Mas esse texto não tem o objetivo de apresentar argumento teológico ou fazer qualquer juízo sobre quem pratica ou não a penitência. Mas sim relembrar que, conforme o ditado popular, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval. 

E por ser ano eleitoral, neste período ocorre o fenômeno sai da toca, em que políticos deixam seus esconderijos e marcham rumo aos eleitores. 

Nos últimos anos de mandato muitos exageraram com as suas diabruras. Outros extravasaram na folia do público. E alguns, ao contrário de Judas que tomado pelo remorso devolveu as 30 moedas, atracaram nas malas de dinheiro e sambaram na cara do pobre eleitor brasileiro. 

No entanto, hoje é quarta-feira de cinzas, momento em que começa o período de penitência para quem quer se reeleger na eleição municipal. 

De agora em diante, alguns se transformarão em franciscanos, adeptos do voto de pobreza, para conquistar voto. Outros serão profetas da teologia da prosperidade, prometendo obras, empregos e renda. 

Também não estranhe se algum deles se transformar em carpideiras no velório e ou devoto de qualquer santo. Mas, a partir desta quarta-feira de cinzas, alguns estarão ao seu lado, dando um tapinha nas suas costas e abrindo aquele sorriso amarelo. E até os picolés de chuchu-frio e sem sabor serão deslumbrantes e contagiantes. 

Alguns, pela primeira vez, tomarão do seu humilde café, como se fosse um manjar dos deuses. Há aqueles que se orgulharão da própria humildade. Mas tudo isso pode ser apenas uma penitência, até a eleição, para conquistar o seu precioso voto. E os quatros anos subsequentes serão de folia com dinheiro público e sambando na cara do povo sofrido do nosso Brasil.