Durante a Semana Nacional de Trânsito no Tocantins, que segue até o próximo dia 25, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) chama atenção para os inúmeros problemas que as ocorrências de trânsito acarretam para a vítima, familiares e para o serviço público.
É um custo que passa pelos serviços de saúde, com lotação de hospitais, gastos com tratamentos e ocupação de leitos, ônus à empresa, caso a vítima seja empregado, custos para o INSS e previdência, além do impacto familiar. Esses são resultados de acidentes de trânsito com vítimas, que, de janeiro a agosto deste ano, já encaminharam 1.580 pacientes ao pronto-socorro do Hospital Geral de Palmas (HGP).
Segundo o setor de Faturamento do HGP, as despesas com um paciente que apresenta várias fraturas, o que acontece com 90% dos acidentados de trânsito, ficam em torno de R$ 2.000 e R$ 2.500 a cada três dias de internação normal, sem uso da média e alta complexidades, como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e centro cirúrgico. Já para o paciente que precisa desses serviços, o valor fica entre R$ 3.600 e R$ 4.000, levando em consideração o mesmo tempo de internação.
O aumento é constatado em função do valor da diária da UTI e dos exames da alta complexidade, como ressonância magnética, tomografia e outros. “Por se tratar de um paciente politraumatizado, ele necessita de atendimento que envolve a equipe multiprofissional. À medida que o paciente necessita dos profissionais e das altas complexidades o atendimento se torna mais oneroso”, explicou a diretora-geral do HGP, Renata Duran, acrescentando que além das altas complexidades, muitas vezes ele precisa ser submetido a várias cirurgias e alguns chegam a permanecer internados por até seis meses.
O jovem Paulo Junior, de 20 anos, é um dos pacientes que estão internados no HGP vítimas de acidentes de trânsito. Ele conta que sofreu um acidente com motocicleta no município de Pindorama, onde reside, e está há mais de mês em tratamento, já que teve várias fraturas. “Não me recordo de muita coisa do acidente, o que lamento é que por causa disso deixei de trabalhar, estou longe de minha família e dos amigos”, disse.
Cirurgias e próteses
A maioria dos pacientes vítimas de acidentes de trânsito necessita de cirurgias ortopédicas e em muitos casos de uso de próteses. Em 2014, o hospital realizou 3.199 cirurgias ortopédicas e teve uma despesa de mais de R$ 1 milhão com próteses. No primeiro semestre deste ano, foram realizadas 2.340 cirurgias e gastos aproximadamente R$ 250 mil em próteses.
Em 2014, o HGP recebeu 2.457 pacientes vítimas de acidentes de trânsito. Este número representou 80% das ocorrências graves admitidas na emergência do pronto-socorro. A principal causa foi a quantidade de acidentes envolvendo motociclistas, com cerca de 60% do número total de acidentados.
Para a diretora do hospital, o tempo de internação e os gastos com o paciente internado ficam em segundo plano se comparados às sequelas que ele pode carregar por toda vida. “As lesões variam desde deformidades estéticas e funcionais, fraturas e graves feridas até a paralisação e amputação de membros, por exemplo, isso o prejudica em uma série de fatores em sua vida”, ressaltou.
Sequelas
As sequelas de um acidente podem ser muitas, dentre elas as físicas, quando há perda de locomoção decorrente de fraturas que podem causar paralisação, amputação ou deformidades; social, com perda de convívio no meio social que antes ocupava, por causa de limitações, por exemplo, de locomoção; financeira, a pessoa passa a ter como renda financeira, o auxílio da Previdência Social, que em determinados casos é insuficiente para sua manutenção; profissional, muitas vezes não consegue se inserir novamente no mercado de trabalho e em alguns casos nem pode mais exercer a profissão, e familiar, quando em alguns casos o paciente passa a ser totalmente dependente de familiares, o que acarreta em mudanças de hábitos e estilo de vida junto aos demais membros da família.