Na noite desta quarta-feira, a Comissão de Defesa da Mulher da Subseção de Gurupi da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizou um ciclo de palestras em comemoração ao Dia Internacional da Mulher comemorado no último dia 08.  

A primeira palestra foi ministrada pela advogada Cândida Nóbrega que falou sobre a “Advogada Empreendedora”. Segundo ela, o empreendedorismo nasce de diversas situações  e a advogada empreendedora precisa ter coragem, autoconfiança, proatividade, paixão, senso de oportunidade e habilidade de relacionamento. Sobre esse último, Cândida destacou que a mulher sai à frente, pois se relaciona melhor com as pessoas e isso facilita a conquista de clientes.

Outro ponto importante elencado por ela foi a motivação. Segundo ela, se não houver motivação a profissional dará um passo ao fracasso. “A motivação tem que ser maior que os contratempos que surgem”, ressaltou.

A advogada deu algumas dicas para empreender como: desenvolver um plano de negócio, fazer um estudo de mercado, verificar suas próprias habilidades, trabalhar bem as técnicas de  marketing.  

Cândida enfatizou que no processo de empreender é necessário a advogada estabelecer metas, desenvolver o espírito de liderança, persistir e delegar tarefas. Para ela, alguns erros devem ser evitados, como não sair da zona do conforto, não arriscar, e desistir após o primeiro erro.

A segunda palestra abordou o tema “violência doméstica e feminicídio”, com Ilka Teodoro. Ela salientou que a violência é uma questão sociológica e jurídica. Afirmou que conforme estudos, a cada 15 segundos uma mulher é agredida. Há estudos que retratam que a casa/lar é o local em que a mulher está menos segura, pois 56% das mulheres que vivem uma relação afetiva sofrem ou já sofreram algum tipo de violência dentro de suas casas e, o dia da semana que isso mais ocorre é aos domingos, entre as 18h e 21h. A faixa etária dos agressores varia entre 12 a 60 anos ou mais, mas, os homens mais agressores têm entre 25 e 30 anos.

Ilka ressaltou que a violência inicia com brigas, ciúmes, intimidações, xingamentos e vai evoluindo até chegar à agressão física, e por fim, ao feminicídio. “O feminicidio é o último capítulo da violência e quando ele acontece a mulher já vinha sofrendo há muito tempo variados tipos de violência”, afirma.

Para a ativista a mulher mesmo depois de morta não tem paz, pois carrega a culpa de ter sido assassinada. “Os julgamentos não são sobre os assassinos, mas sobre as assassinadas. Questionam se a mulher não provocou o homem para que ele cometesse o crime,  com situações de traição, com provocação de ciúmes por usar determinado tipo de roupa”, exemplifica.

O sistema patriarcal, segundo Ilka, é o grande colaborador da violência. “Esse sistema coloca a mulher numa condição de submissa, de cidadã de segunda categoria. Acredito que desconstruindo esse patriarcado alcançamos a igualdade”, ressaltou.  

Ilka comenta que apesar da mulher já ter alcançado um patamar de empoderamento, ainda tem um caminho longo para percorrer. “Infelizmente hoje no Brasil temos apenas 10% de mulheres ocupando os espaços na política. A mulher ainda é vítima de violência de formas variadas e só conseguiremos avançar com uma mudança de cultura e o empoderamento delas para que a igualdade seja uma realidade material”, explanou.  

Ela destacou que a Organização Mundial das Nações Unidas tem a previsão de que até em  2030 as mulheres tenham ocupado 50% dos órgãos de representação. “Sou bastante otimista e acredito que temos como acelerar o processo e conquistar paridade em representação, e assim, teremos uma sociedade mais justa, mais humana”, finalizou.