Política

Ao Fantástico, médico denuncia que integrantes do Governo Carlesse cobravam propina

"Tinha que dar um cheque antes para depois receber", afirmou o médico que denunciou esquema.

Governador Mauro Carlesse foi afastado do cargo por seis meses.
Foto: Esequias Araujo

O médico Luciano de Castro Teixeira, testemunha chave que denunciou esquema de corrupção e levou ao afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), revelou detalhes de como, segundo ele, funcionava o pedido propina a empresários do setor de saúde. As declarações foram dadas durante entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, exibida neste domingo, 31.

No último dia 20 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do governador Mauro Carlesse por seis meses. Ele foi alvo de duas operações da Polícia Federal que visam desarticular um grupo que tentava obstruir investigações que apuram irregularidades na cúpula do governo do estado. Na ocasião, o então Secretário de Segurança Pública Cristiano Barbosa também foi afastado do cargo.

De acordo com a reportagem, a família de Luciano Teixeira é dona de um dos maiores hospitais de Palmas. Após prestar queixa à polícia, o médico também passou a fazer a denúncias por meio das redes sociais, como o atraso sistemático no repasse de pagamento feito pelo governo do estado a hospitais.

“E todo esse atraso de pagamento tinha uma intenção: criar uma dificuldade para vender uma facilidade. Extorquir os hospitais e clínicas". Revelou o Médico Luciano Teixeira.

Ao ser questionado pela reportagem se não pagasse a propina, não receberia o pagamento do governo, o médico afirmou. "Não, tinha que dar um cheque antes para depois receber."

De acordo com investigações, o esquema funcionava da seguinte forma: empresas emitiam notas de produtos (inexistentes) hospitalares nos valores da propina cobrada pelo governo.

Os hospitais extorquidos pagavam esses valores, e a nota, por sua vez, era cancelada. "Isso não tem como fazer, você emitir várias notas com valores tão altos e você cancelar todas elas, sem o estado vir atrás para saber por que essas notas estão sendo canceladas", afirmou o médico na entrevista.

Teixeira apontou ainda dois nomes como possíveis operadores no recebimento da propina e que, certa vez, ambos saíram nos tapas após discussão sobre com quem ficaria o dinheiro.

Governador nega

 Em nota à TV Globo, a defesa de Carlesse disse que o governador sempre "exerceu suas funções com correção e probidade" e que ainda "não foi ouvido nem teve acesso às investigações.

O governador afastado também publicou vídeo nas redes sociais, disse que não teve acesso às acusações, mas estava tranquilo e em breve estará de volta ao governo.