Mãe da bebê acionou equipes de reportagem para falar sobre o ocorrido.
Foto: AN

Uma bebê de dez meses morreu após ser atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araguaína, na madrugada deste domingo (30). A mãe da criança, uma jovem de 17 anos, acredita que a morte da filha pode ter sido causada por negligência médica e quer justiça.

À reportagem, a mãe Maria Clara relatou que a bebê apresentou cansaço ao respirar durante a noite de sábado e resolveu leva-la para a UPA. Ela chegou na unidade por volta de meia-noite.

Segundo a mãe, a médica receitou duas injeções de dipirona sem fazer exames na bebê e depois a liberou por volta das 3h da madrugada.

Fui encaminhada para a doutora. Aí ela falou que podia ser só uma dorzinha de dente ou então gases na barriga, e deu duas injeções de dipirona para ela no bumbum. Quase no mesmo lugar. Depois dessas injeção minha filha ficou fraca. Minha filha não foi mais a mesma pessoa de antes. Depois da injeção minha filha ficou ruim demais”. Revelou.

Depois do primeiro atendimento, a mãe retornou para casa com a bebê, mas o quadro dela se agravou nas horas seguintes.

Minha filha ficou com o olho roxo. E quando foi hoje de manhã minha filha começou a vomitar, dar convulsão”. A mãe conta que levou a filha às pressas para a UPA e a entregou nas mãos do profissionais, mas acha que a criança já estava morta.

“Quando eu cheguei na UPA minha filha já estava morta. Eu quero justiça! Sendo que o médico não fez exame de sangue, não fez o batimento cardíaco, para saber se o dela estava bem. Só botaram um aparelho no ouvido dela, só isso. Medicaram e não fizeram mais nada. Absolutamente nada!”.

A mãe disse que confiou nas palavras da médica de que não seria nada grave. Me deu uma receita e mandou pra casa. Falou que era só uma dorzinha e eu confiei, porque se é doutora, eu tive que acreditar na palavra dela. Eu acreditei e tá aí, minha filha morreu”. Disse chorando.

Nota UPA

O ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, responsável pela gestão da UPA – Unidade de Pronto Atendimento Anatólio Dias Carneiro, localizado no Araguaína Sul, informa que, na manhã desta segunda-feira, 31, abriu sindicância interna para apurar as informações que envolvem o caso.

Também informa que a equipe de gestão médica do ISAC já definiu que está descartada a hipótese de choque anafilático como reação à medicação administrada.

Em casos assim, a reação aconteceria segundos ou minutos depois da administração. A paciente deu entrada na unidade quase 8 horas depois da alta (a pedido da mãe), já sem vida.

Conforme o relatório de atendimento, às 00h49 da madrugada de domingo, a mãe deu entrada na UPA com a criança e pegou a senha. O início da triagem aconteceu à 01h03. O final da triagem foi à 1h05 e a criança foi classificada com a cor Verde. O atendimento médico foi às 02h22.

A criança foi medicada pela primeira vez às 2h30 e a segunda prescrição aconteceu às 4 horas.

A paciente em questão recebeu alta da UPA por volta das 4 horas da manhã de domingo e deu entrada novamente na unidade por volta das 11h40 da manhã de domingo.

Diante desta situação, a Comissão de Verificação de Óbito e a Comissão de Prontuário da UPA farão a avaliação do prontuário para identificar todas as etapas do atendimento.

Sobre a medicação dada à criança antes da realização de exames, o ISAC informa que o procedimento é comum dentro de unidades de saúde que atendem urgência e emergência.

Ao adentrar na unidade com queixas de dores e/ou incômodos, após a avaliação clínica do médico, é ministrada medicação para combater sintomas imediatos, como dor e/ou febre.

A depender da evolução do paciente, outras avaliações podem ser feitas, inclusive solicitação de exames, conforme a necessidade.