Com o objetivo de promover reflexão, conscientização e fortalecer a rede de proteção à mulher, o CRAS III – Lago Azul, localizado no Setor Parque do Lago, realizou, na última sexta-feira, 31, a roda de conversa “Feminicídio Zero: Mulheres que Inspiram”, organizada por acadêmicos do curso de Direito de uma instituição de ensino privada.
O evento reuniu representantes da Delegacia da Mulher, Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Guarda Municipal de Araguaína (GMA), além de uma empresária local, criando um espaço de diálogo sobre os desafios enfrentados por mulheres vítimas de violência e destacando estratégias para prevenir e romper ciclos de agressão.
Mais de 900 dias sem feminicídios em Araguaína: o resultado de uma rede unida
A titular da 3ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, delegada Sarah Lilian de Souza Rezende, destacou o marco de mais de 900 dias sem feminicídio no município, um resultado que reflete o fortalecimento da rede de apoio e o engajamento da sociedade no enfrentamento à violência.
“Mais de 900 dias sem feminicídio em Araguaína é uma conquista que mostra o quanto a conscientização tem feito diferença. É fundamental que cada uma saiba que não está sozinha e que existem profissionais e instituições prontas para acolher e proteger”, afirmou a delegada.
Ela reforçou ainda que falar sobre violência é essencial, especialmente em espaços como escolas, comunidades e CRAS, para orientar e inspirar mulheres a denunciarem e buscarem ajuda.
Histórias que inspiram e fortalecem
Entre as convidadas, a advogada Jamila Correia, especialista na defesa dos direitos da mulher, emocionou o público ao compartilhar sua trajetória de superação.
“Hoje podemos afirmar que Araguaína conta com uma rede de apoio forte e atuante. Quando as instituições se unem, sendo a Prefeitura, Delegacia Civil, OAB e Sistema Judiciário, quem ganha é a mulher. Porque ela encontra um caminho seguro para denunciar, tem acesso mais rápido à proteção, recebe orientação jurídica, acompanhamento psicossocial e vê o agressor sendo responsabilizado. Essa união faz com que nenhuma vítima se sinta sozinha”, destacou.
A advogada lembrou ainda que o município alcançou o marco de 900 dias sem feminicídios graças a essa articulação, mas reforçou que o trabalho precisa continuar. “A violência não desapareceu, e precisamos seguir vigilantes”, afirmou.
Jamila também ressaltou a importância de romper com a cultura do silêncio: “A sociedade precisa entender que, em briga de marido e mulher, sim, se mete a colher. Denunciar salva vidas. Queremos chegar ao dia em que o feminicídio simplesmente não exista mais.”
A força e a voz da comunidade
Moradora do Setor Lago Azul, Núbia, dona de casa, foi uma das participantes e destacou o impacto positivo da roda de conversa. “Essa palestra despertou em mim força e coragem. Às vezes, as mulheres acham que não têm valor, mas ouvir que temos direitos e que podemos lutar faz toda a diferença. A mensagem que eu deixo é: não se calem. Procurem ajuda, denunciem. A liberdade começa quando a gente decide não aceitar mais o que machuca.”
O depoimento emocionou o público e reforçou o propósito do evento: inspirar mulheres a reconhecerem sua força e romperem o ciclo da violência.
Desafios e avanços
Mesmo com o avanço nas políticas públicas e o expressivo tempo sem feminicídios, Araguaína já registrou, até outubro deste ano, mil ocorrências relacionadas à violência contra a mulher, incluindo casos físicos, psicológicos, patrimoniais e sexuais.
Esses números evidenciam a importância da continuidade das ações educativas, preventivas e de acolhimento, como as realizadas no evento.
A cidade conta ainda com ferramentas de proteção como o Botão do Pânico, disponível para mulheres com medidas protetivas, garantindo resposta rápida das forças de segurança em situações de emergência.
Como denunciar
A luta contra a violência de gênero é responsabilidade de toda a sociedade. A denúncia pode ser feita por qualquer pessoa: Se a violência estiver acontecendo: ligue 190 (Polícia Militar). Se a violência já aconteceu: ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher). Procure ajuda em: Delegacia da Mulher, Defensoria Pública, Ministério Público, CRAS, Secretaria da Mulher ou com um advogado.



