No dia 3 de fevereiro, a Associação de Tratamento de Reinserção Social, Comunidade Terapêutica Vida Nova, iniciou as atividades em Araguaína na área do antigo pesqueiro do município. Em parceria com o poder público municipal, a comunidade terá, inicialmente, capacidade para abrigar até 14 usuários de drogas durante o período de 6 a 9 meses.
“Nesta primeira etapa vamos atender apenas homens. Temos um recurso de um milhão de reais, já empenhado, para ampliar o prédio e o serviço e estendê-lo para mulheres também”, informa a primeira-dama Nil Dimas, que acompanha o desenvolvimento do projeto. A meta é atender até 60 pessoas, sendo que 30% serão mulheres.
Segundo o coordenador da comunidade, Vagner Enoque de Souza, seis usuários já procuraram voluntariamente o atendimento da comunidade. “Oferecemos à pessoa a oportunidade de mudar sua vida, mas a iniciativa precisa partir dela. Por isso buscamos interessados também no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas”, esclarece.
Estrutura
A comunidade conta com dois prédios. Um deles comporta as salas administrativas, dois quartos – um com dez camas e outro com quatro – e dois banheiros. No outro, estão a cozinha, dispensa para armazenagem de alimentos e um espaço para guardar verduras, frutas e legumes, oriundos de mais uma parceria com a Prefeitura, por meio do programa Compra Direta.
Atividades
Diariamente, os internos têm acesso a cinco refeições. O tratamento inclui terapia ocupacional com atividades de limpeza, varrição e organização dos espaços usados pelos frequentadores, terapia em grupo, aula de capoeira e um curso profissionalizante para mecânico de autopeças. “Trabalhamos também um fator importantíssimo que é parte espiritual. É por meio dela que muitos encontram forças para resistir a uma recaída e continuar com o tratamento”, ressalta o pastor e também coordenador da casa, Diego Oliveira Rocha.
A cada 15 dias, a comunidade é aberta para a visitação das famílias, que também participam de atividades de compreensão e reinserção social. “Sabemos que quando há um usuário dentro de uma casa, toda a família padece com o problema e as marcas podem ser permanentes. Por isso oferecemos periodicamente uma terapia para todos os entes”, pontua Vagner. Outro projeto da comunidade é a reativação dos antigos tanques do pesqueiro, nove no total, para criação de peixes para consumo.
Superação
Há quase um mês participando da estruturação da comunidade, João Paulo Celestino da Silva, 26 anos, é o primeiro voluntário para tratamento. Ele conta que o vício no crack começou há sete anos e estava evoluindo de maneira assustadora. "No início eu fumava algumas vezes por semana, mas depois era todos os dias. Eu já estava mendigando pelas ruas e furtando objetos de casa para manter o vício”, confessa.
O apoio da família e a oportunidade oferecida pela comunidade foram o incentivo que ele precisava para buscar ajuda. “O pessoal aqui do centro me deu confiança para resistir. Hoje eu já consigo planejar um bom futuro para mim”, conta, orgulhoso, João Paulo.