Era para ser só mais de um dia de trabalho comum, mas tudo acabou numa grande confusão e ainda com uma equipe de jornalismo detida na DEIC (Delegacia de Investigações Criminais) de Araguaína (TO).
Nesta terça-feira (14), Agentes da Polícia Civil de Colinas se deslocaram a Araguaína, com uma ordem judicial, para levar uma caminhonete S10 apreendida em 31 de outubro do ano passado, durante operação de combate ao tráfico de drogas. No entanto, segundo os agentes, a titular da DEIC Araguaína, delegada Maria Dinesitania Cunha, se recusou a entregar o veículo aos agentes, momento em que a imprensa foi solicitada para acompanhar o desenrolar da confusão.
O agente Luiz Costa Júnior, de Colinas, conta que já havia entregue o ofício à Delegada Regional de Araguaína, Antônia Ferreira dos Santos, comunicando que levariam o veículo e depois seguiram para a Deic. Segundo o agente, esta não foi a primeira em que os policiais de Colinas são impedidos de realizar seu trabalho na Deic de Araguaína.
Na operação em que a Polícia de Colinas desbaratou uma quadrilha envolvendo detentos do Presídio Barra da Grota, agentes de ressocialização da unidade, traficantes, estudante de Direito e até funcionária do Fórum, a mesma delegada teria ordenado que os presos fossem retirados da Delegacia e colocados no meio da rua, segundo o agente.
A imprensa
Em meio a confusão institucional, a imprensa foi convidada para acompanhar o caso, mas foi impedida de filmar ou gravar na recepção da delegacia.
Segundo o Jornal do Tocantins, a delegada informou que se recusou a entregar o veículo porque não lhe foi apresentado um despacho da Delegacia Regional autorizando a entrega.
No entanto, visivelmente abalada, a delegada solicitou a saída da imprensa das dependências da Deic, ameaçando processar-lhes caso viessem a filmá-la. Já no hall de saída da DEIC, a imprensa tentou conversar com a delegada Regional, Antônia Ferreira, mas antes que ela pudesse se pronunciar, a delegada Maria alegou que estava sendo coagida e exigiu a saída das equipes da delegacia.
A seguir, a delegada solicitou que uma agente convidasse os repórteres a voltar à delegacia e exigiu que apresentassem suas documentações. Logo depois, ela mudou de ideia e liberou alguns deles, impedindo, porém, a saída da repórter, Leidy Vieira, e do cinegrafista Maycon Lopes, ambos da Redesat.
Crime de desobediência
Segundo informações, Leidy e Maicon foram obrigados a assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) onde são acusados de cometer crime de desobediência por não terem exibidos as documentações exigidas pela delegada.
A delegada ainda teria mandado apreender a câmera, microfone, telefones celulares da equipe de profissionais.
Problema de saúde
De acordo com a TV Anhanguera, o esposo da delegada Maria Dinesitania Cunha, que também é agente da PC e não quis se identificar, afirmou aos presentes que ela sofre uma doença rara, que entre outros sintomas, afeta seu sistema nervoso. "O médico já chegou a sugerir que ela se afaste do cargo, mas ela não quer", afirmou.
Secretaria de Segurança Pública
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) informou que está enviando para Araguaína o Delegado Chefe da Polícia Civil, Bonfim Santana Pinto e o Corregedor Geral, José Evandro de Amorim para avaliação de ocorrência envolvendo profissionais da imprensa, na Delegacia Estadual de investigações Criminais (DEIC – NORTE), na tarde desta terça-feira, 14.
A SSP esclareceu ainda que será realizada uma rigorosa apuração pela Corregedoria Geral da Polícia Judiciária para que casos dessa natureza não se repitam, uma vez que SSP sempre contou com o apoio desses profissionais, na divulgação de suas ações de combate ao crime, bem como prima pela liberdade de imprensa, divulgação e transparência de todos os seus atos e atuação de seus servidores.