O cronômetro marcava 27 minutos do primeiro tempo no jogo entre Colômbia e Uruguai pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Após a cabeçada do meia colombiano Abel Aguilar, a bola procurava um lugar para pousar. Achou o peito do camisa 10 cafetero, James Rodríguez. A 21 metros de distância da trave defendida pelo uruguaio Muslera e cercado por cinco adversários, James girou e acertou um chute preciso. Ali, naquele instante, o jovem de 22 anos escrevia, com o pé esquerdo, seu nome na história do futebol colombiano. O talentoso artilheiro da Colômbia deve ser uma pedra no caminho do Brasil na partidas pelas quartas-de-final nesta sexta-feira (4), em Fortaleza.

O gol marcado por ele na partida contra o Uruguai abriu caminho para a vitória por 2 a 0, que garantiu a inédita vaga nas quartas de final para a Colômbia. James ainda balançaria as redes mais uma vez antes de ser substituído. Ao sair de campo, foi ovacionado pela torcida do Maracanã. O grande templo do futebol mundial – que já viu lances geniais de outros camisas 10, como Pelé e Zico – se rendia ao talento do jovem colombiano.

Talento precoce

A grande atuação contra o Uruguai não foi uma exceção para James nesta Copa. O meia foi eleito o melhor homem do jogo em três das quatro vitórias colombinas, além de ser o artilheiro da competição, com cinco gols, um a mais que os craques Lionel Messi, Neymar e Thomas Müller. Ele também já igualou o número de gols dos artilheiros da Copa de 2010: Fórlan, Sneijder, Villa e, novamente, Müller.

O período anterior à Copa, no entanto, foi complicado para James e para a Colômbia. Classificada em segundo lugar nas eliminatórias, a seleção tinha esperanças de pelo menos repetir o desempenho de 1990, quando chegou, pela única vez, às oitavas de final. Mas, dez dias antes do início da competição, veio a notícia: o craque Radamel Falcao Garcia, machucado desde janeiro, não conseguiu se recuperar a tempo e foi cortado do time.

A responsabilidade de carregar a equipe em campo recaiu sobre James, jovem promessa colombiana que disputa sua primeira Copa. Ele, contudo, já estava acostumado a ser precoce. Tornou-se profissional com apenas 14 anos de idade. Aos 17, deixou seu país natal para jogar no Banfield da Argentina. Casou-se aos 19, casou-se com Daniela Ospina, irmã do goleiro e companheiro de seleção David Ospina. Foi pai aos 21, mesma idade com que se transferiu para o Monaco, seu atual time. Hoje, aos 22, conquistou o mundo como o maior jogador da primeira fase da Copa e já é considerado por muitos como o sucessor de Carlos Valderrama (maior ídolo do futebol colombiano).

O próximo compromisso de James é nesta sexta-feira (4), contra o Brasil, em Fortaleza, pelas quartas de final. Eliminar a seleção anfitriã e garantir uma vaga na semifinal da Copa consagraria de vez essa geração que já entrou na história do futebol colombiano. Aos brasileiros, resta torcer para que a Colômbia acorde do sonho que está vivendo e que James deixe para brilhar na Copa da Rússia, em 2018.