Ex-delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura.

O corregedor-geral da Segurança Pública, Wanderson Queiroz, determinou o arquivamento da sindicância que foi aberta contra o delegado Bruno Boaventura, de Araguaína, em maio do ano passado. Ele passou a responder pelo processo administrativo após publicar nas redes sociais um texto parabenizando Palmas pelos "31 anos de muita Corrupção".

O post foi feito no dia 20 de maio de 2020, no aniversário da capital. O comentário desagradou a então diretora de comunicação da SSP, Shirlei Helena Cruz, que entrou com o pedido de investigação na Corregedoria.

Na época, ela argumentou que o delegado desrespeitou o Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária, a polêmica medida instituída por Mauro Carlesse (DEM) em 2019 que foi chamada pela categoria de 'decreto da mordaça'. Entre outras proibições, o decreto impedia que delegados criticassem autoridades públicas.

Na portaria de nº 125 publicada no dia 1º de dezembro, o corregedor-geral argumentou que o "relatório final da Corregedoria adjunta manifestou pelo arquivamento dos autos, diante da não ocorrência de transgressão disciplinar".

O texto diz ainda que a Corregedoria Adjunta entendeu pela inexistência de elementos que caracterizem a configuração de infração disciplinar, decidindo pelo arquivamento do procedimento.

Em nota, o delegado informou que recebeu com alegria a decisão sobre o arquivamento. Disse que esse procedimento administrativo gerou aflição por retirar a única arma com a qual ele se defendia das perseguições, a palavra.

"Receoso de que outras manifestações em redes sociais agravassem nossa situação, decidimos encerrar todas as contas, até mesmo para evitar que o governo utilizasse de postagens anteriores com o objetivo de nos prejudicar. Pior do que sofrer uma injustiça é não poder se manifestar diante e contra elas, confirmando que a liberdade de expressão é o mais caro direito fundamental do cidadão. Esse triste episódio demonstra a nefasta "Gestão do Medo" dentro da Segurança Pública do Tocantins, prática que se mostrou bastante eficiente e serviu aos interesses criminosos do grupo que a instituiu", disse.

Bruno Boaventura ficou conhecido no estado pelo episódio da transferência durante o escândalo do lixo hospitalar. Ele foi exonerado do cargo de delegado regional após abrir investigação contra aliados políticos do governador. Na época, o delegado disse que se tratava de uma perseguição da direção da SSP.