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Farmacêutica morre ao chegar em hospital de Araguaína e amiga reclama do atendimento

Mulher foi levada para o HRA por terceiros, após demora de atendimento do Samu. SES informou que ela já chegou sem vida no hospital.

Farmacêutica Janaína Leite Soares deixa esposo e filho de 8 anos.
Foto: Reprodução Redes Sociais

Uma mulher de 30 anos morreu na manhã desta quinta-feira (11) em Araguaína após passar mal e ser levada ao hospital por terceiros.  Amigos reclamam que o Samu não atendeu ao chamado e que profissionais da saúde se recusaram atender a paciente. 

A farmacêutica Janaína Leite Soares, de 30 anos, passou mal por volta das 9h enquanto estava em um laboratório do centro de Araguaína.  Ela foi levada por terceiros às pressas para o Hospital Regional de Araguaína (HRA).

A advogada Daisy Araújo, que cedeu o carro para prestar o socorro, relatou que fez isso após o Samu não comparecer ao local.

Eu estava no escritório quando ouvi os gritos da sogra dela e quando fui ver o que tinha acontecido. Ela estava muito pálida, muito fraca. Então nós ligamos para o Samu. Ligamos duas vezes, mas não chegaram. (...) Conseguimos colocar ela no meu carro e trouxemos até o Regional.  Explicou a advogada.

Daisy relatou que chegou na porta do HRA com Janaína no carro pedindo por socorro, mas não foi atendida. “Algumas enfermeiras saíram e falaram que não iam atender. Que tinha que levar para a UPA, que não tinha médico. Eu falei para elas [enfermeiras] que estava muito mal. Estava pedindo ajuda no carro: aí, vou morrer. E nisso a enfermeira falou que não podia fazer nada”.  

Atendimento 

Ainda segundo a advogada, nesse momento, chegou uma viatura do Samu e uma paramédica identificou a gravidade do estado de saúde de Janaína. E só depois disso, segundo a advogada, é que a paciente foi atendida. Infelizmente  o socorro veio tarde.

Falou que ela [Janaína] tava tendo uma parada cardíaca. Nesse momento colocaram ela na maca [ e levaram para a sala vermelha]. (...) Logo após, mais ou menos, uns 10 minutos, falaram que ela tinha vindo a óbito.  (...) No tempo que a gente estava aqui pedindo socorro pelo atendimento dela, se elas tivessem tomado alguma medida, poderia ter salvado a vida dela.  Afirmou Daisy.

A causa da morte, a constar no atestado de óbito também causou revolta.  Segundo Daisy, queriam atestar que ela morreu em decorrência de covid-19, apesar de dois testes negativos que Janaína havia feito. Ela também lamentou a demora para o atendimento.

Uma sensação de impotência. Você tentando ajudar, fazer alguma coisa, pedindo socorro e a pessoa se omitindo. Você vendo que ele poderia tá fazendo alguma coisa, mas se nega a fazer. Muito triste.

Janaina era casada e tinha um filho de 8 anos. Ela será sepultada na cidade de Campos Lindos.

Nota da SES

À reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que “a paciente foi encaminhada, já sem vida, por familiares em veículo próprio ao Hospital Regional de Araguaína (HRA). Foi entregue ainda teste rápido com resultado negativo para Covid-19.

Apesar dos esforços da equipe que realizou o atendimento para reanimação, infelizmente não foi possível reverter o quadro da paciente.

Durante investigação do histórico da paciente para determinação da possível causa da morte, o corpo da paciente foi encaminhado, por precaução, para o morgue da UTI Covid, considerando os altos índices de transmissão da doença na cidade e o período limitado de eficácia de testes rápidos.

A medida se fez necessária no sentido de preservar demais pacientes e profissionais da unidade. Após investigação inconclusiva, a causa da morte foi registrada como indeterminada”.

Sem resposta do Samu

A reportagem também procurou posicionamento do Samu de Araguaína, por meio da prefeitura. A Secretaria Municipal de Saúde informou às 16h30 desta tarde que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) recebe cerca de 70 chamados por dia e que está checando as ligações para esclarecer o ocorrido.