Um dia antes da grande manifestação desta quarta-feira (17), em Araguaína (TO), a cúpula da segurança pública do Estado procurou a organização do movimento para apresentar algumas propostas iniciais para conter o avanço da criminalidade na cidade. Apesar do anúncio das medidas paliativas, mais de 2 mil pessoas saíram às ruas em protesto pela manhã.

Estiveram em Araguaína o secretário de Segurança Pública, César Simoni, o comandante geral da Polícia Militar, Coronel Glauber de Oliveira Santos, o comandante do Policiamento do Interior da PM, Tenente-Coronel Luís Carlos Barbosa Ferreira, a comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Araguaína, Major Patrícia Murussi, e o Subsecretário de Defesa e Proteção Social, Hélio Marques.

Os representantes do atual Governo voltaram a culpar os ex-gestores pelo caos vivido no Estado. As dívidas estariam impossibilitando os investimentos.

Segundo César Simoni, de imediato, duas equipes do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE) serão deslocadas para Araguaína durante duas semanas. Periodicamente, o grupo fará operações na cidade, mas o projeto, de acordo com o secretário, é implantar aqui uma equipe fixa do GOTE. Outro anúncio foi com relação à escala de trabalho dos delegados. César afirmou que a categoria comprometeu-se estar à disposição da comunidade além das horas de trabalho previstas em lei. “Estamos buscando todos os dias as soluções e estamos convictos que vamos encontrar. Vamos superar as adversidades, constituir uma polícia forte e dar segurança para o cidadão”, garantiu o secretário.

Já em relação ao concurso público paralisado desde dezembro de 2014, César disse que o Estado precisa dispor de recursos na ordem de R$ 9 milhões para dar posse aos aprovados, mas ainda não há nenhuma previsão de quando isso vai acontecer.

Polícia Militar

Para o aparelhamento da Polícia Militar, Coronel Glauber anunciou um novo contrato do Estado para a locação de 500 veículos, sendo que 167 já foram entregues. “Dentro de 30 a 40 dias, estaremos com todas as viaturas disponíveis”, disse o comandante. Para Araguaína, o Comando Geral garantiu um reforço inicial de viaturas e motos até que os novos veículos alugados cheguem à cidade. Segundo o coronel, o número não será divulgado "por questões estratégicas".

Sobre o aumento no efetivo, o comandante autorizou o pagamento de horas extras aos policiais para que o policiamento nas ruas seja reforçado. “Vamos também aumentar o número de operações Fecha Quartel para deslocarmos nosso efetivo do administrativo para as ruas”, completou Coronel Glauber. O Comando Geral adiantou, ainda, que há um projeto de implantação de uma Escola Militar em Araguaína para o início de 2016.

Células Comunitárias

Segundo o presidente dos conselhos de segurança, Dearley Kuhn, das nove células existentes em Araguaína, apenas uma mantém operação e em condições precárias. “A presença dos policias nos bairros com o auxílio da comunidade é uma estratégia importantíssima para identificar onde está a criminalidade e coibir suas ações. Mas já há algumas gestões, o Governo do Estado não demonstra mais interesse neste projeto”.

De acordo com o comandante do Policiamento do Interior, Tenente-Coronel Luís Carlos Barbosa Ferreira, com o incremento dos 1.000 soldados aprovados no último concurso, haverá condições de reativar as células comunitárias de segurança. “Mas é preciso aguardar o prazo de formação dos policiais e planejar as ações”, informou o tenente-coronel.

Mais sugestões

Para a diretora da Aciara, Juliane Carneiro, a falta de segurança afetará diretamente a arrecadação do Estado. “Os comerciantes estão com medo de manter suas lojas abertas e até mesmo os consumidores temem ir às ruas para comprar porque podem ser assaltados a qualquer momento e em qualquer lugar”, reforçou Juliane.

Já para o presidente do Rotary Club de Araguaína, Ronaldo Assis Carvalho, a Polícia Militar deveria aumentar o número de blitzen nas ruas e avenidas. “Queremos que as autoridades cobrem o cidadão, exijam que estejamos em dia com nossos veículos. A população quer ver a polícia na rua”, afirmou. O advogado da Associação dos Praças da PM, Anderson Mendes, também chamou a atenção para a necessidade de retornar às ruas os policias que hoje cumprem funções de guarda ou administrativas em órgãos públicos. “É preciso também garantir mais delegados para plantões nas cidades do interior. Quando acontece um flagrante, o pequeno destacamento de policiais precisa se deslocar até Araguaína para apresentar o acusado ao delegado. Enquanto isso, o município fica desprotegido”.