
Com média de 100 novos casos por dia, Araguaína se aproxima de 3 mil infectados pelo coronavírus. O alto número de diagnósticos positivos causa também reflexos no atendimento da saúde, atingindo os profissionais nos hospitais.
O Hospital Regional de Araguaína (HRA), referência para casos graves, está com 29 profissionais de vários setores afastados por consequência da covid-19. O levantamento foi feito pelos próprios servidores na condição de anonimato, por temer represálias. Denúncia à imprensa também aponta falta de equipamentos de proteção.
Conforme reportagem do Jornal do Tocantins, uma servidora com 10 anos de atuação na saúde, revelou que há contaminação maciça no HRA, por falta de equipamentos de proteção.
“Está acontecendo uma contaminação em massa de todos os profissionais que ali trabalha, não temos material de EPIs [Equipamentos de Proteção Individuais] todos os funcionários, alas em que todos os pacientes e funcionários estão contaminados, e sala amarela, que é considerado um lugar de estabilização do paciente, todos contaminados, está um verdadeiro caos".
A servidora questiona a quantidade de EPI entregue aos servidores. "Como a cada plantão de 12 horas o funcionário do pronto-socorro tem direito a 4 máscaras cirúrgicas?", questiona.
Conforme a reportagem do JTO, outra servidora com 12 anos de atuação reclama de opressão de superiores.
"Funcionários [estão] sendo oprimidos pela coordenação no grupo de WhatsApp, de forma a intimidar os colaboradores. A pessoa que questiona [as condições de trabalho] com a coordenação, ela é transferida pra outro setor do hospital, como uma forma de castigo", reclama a servidora que preferiu preservar a identidade.
As servidoras também criticaram a reabertura do comércio de Araguaína que pode intensificar o contágio.
"No momento em que a maioria dos funcionários do hospital está afastada acometida com a Covid o prefeito libera o comércio", reclama.
O que diz o Governo
Questionada sobre que que medidas específicas para o HRA estão sendo tomadas para garantir a segurança dos servidores e qual o critério para distribuição de EPIs e definir quantas máscaras são distribuídas por plantão, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) sustenta, em nota, que todos os hospitais mantidos pelo governo estadual estão “devidamente abastecidos” de EPIs.
Segundo a pasta a distribuição segue as orientações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e da Comissão de Controle de Infecção Hospital (CCIH) de acordo com a área de atuação dos profissionais. A pasta lembra que a infecção por Covid-19 é considerada pelo Ministério da Saúde de transmissão comunitária em todo o país e que Araguaína é o epicentro dos casos no Estado.
“Diante disso, a SES enfatiza que pacientes podem ser regulados e/ou admitidos no HRA com o vírus, uma vez que, a literatura é pacífica em armar que 80% dos casos os pacientes não apresentam sintomatologia (assintomáticos). Por causa deste cenário, o HRA tem adotado, por todas as especialidades médicas o acionamento de protocolos de segurança, com a testagem de todos os pacientes que apresentem sinais e sintomas da Covid-19”, afirma a nota.
A nota afirma ainda que a Superintendência de Gestão Prossional e Educação na Saúde, por meio da área técnica de saúde do trabalhador, “monitora diariamente os servidores com os Núcleos de Saúde e Segurança do Trabalhador (NASST) e com os Recursos Humanos nas unidades onde não há o NASST, a situação da disposição da força de trabalho nos estabelecimentos de saúde”.
Esse monitoramento da SES, segundo as explicações, consiste no acompanhamento de servidores infectados, suspeitos e com quadro gripal e no apoio técnico psicológico nas unidades com servidores infectados.