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IBGE estima que população brasileira vai começar a encolher em 2042; Tocantins diminuirá a partir de 2049

Projeção demográfica do instituto considera dados do censo de 2022 e traz estimativas até 2070.

Três estados já devem começar a perder população ainda nesta década: Alagoas e Rio Grande do Sul (em 2027) e Rio de Janeiro (em 2028).
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A população brasileira vai começar a encolher em 2042, segundo projeções divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (22). O Rio Grande do Sul e Alagoas serão os primeiros estados brasileiros a registrar a redução populacional.

De acordo com o IBGE, a diminuição na população desses dois estados está prevista para ocorrer daqui a 3 anos, em 2027. O Rio de Janeiro vem a seguir, em 2028.

A estimativa tem como base os dados do Censo Demográfico de 2022. O instituto estima que a, partir de 2042, ano seguinte ao recorde, a população vai começar a diminuir até chegar aos 199.228.708 habitantes em 2070. O último censo em que o número ficou abaixo de 200 milhões foi o de 2010, quando foram registrados 190.732.694 brasileiros.

A pesquisa também projeta que, até 2064, a maioria dos estados brasileiros enfrentará uma redução populacional. A exceção é Mato Grosso, não deve apresentar uma inflexão no crescimento populacional até 2070 – último ano para o qual a projeção foi feita.

Em relação ao Tocantins, as projeções apontam que a população deve chegar ao ápice em 2048, quando atingirá 1.695.553 de habitantes e começar a diminuir a partir de 2049. (Veja o gráfico abaixo). 

Estimativa da população brasileira.

Em 2041, o Brasil deverá atingir seu número máximo de habitantes, estimado em 220,43 milhões de pessoas.

De acordo com o IBGE, a previsão é de que a taxa de aumento populacional, que em 2024 deverá ser de cerca de 0,4%, diminua gradativamente até 2041. A partir de 2042, o índice de queda da população também deve cair de forma gradual e se aproximar de 0,7% ao ano em 2070. 

 

Reposição

De acordo com  o pesquisador do IBGE Marcio Minamiguchi, a queda de população tem relação com a redução da taxa de fecundidade da mulher brasileira. Em 2023, a taxa chegou a 1,57 filho por mulher, bem abaixo da taxa considerada adequada para a reposição populacional (2,1 filhos por mulher).

Em 2000, o Brasil superava essa taxa, com 2,32 filhos por mulher, o que indicava a perspectiva de crescimento populacional para as décadas seguintes. Cinco anos depois, a taxa já havia caído para 1,95 filho, passando para 1,75 em 2010, 1,82 em 2015 e 1,66 em 2020.

Em 2000, apenas a região Sudeste estava ligeiramente abaixo da taxa de reposição, com 2,06 filhos por mulher. Em 2015, apenas a região Norte mantinha-se acima dessa taxa, com 2,16 filhos por mulher. Em 2020, já não havia nenhuma região com taxa acima de 2,1.

Essa queda da fecundidade tem um histórico mais longo. Ela ganhou força na metade da década de 1960. Para a gente ter uma ideia, essa taxa, em 1960, era de 6,28 filhos por mulher”, disse a pesquisadora do IBGE Marla França.

Entre as unidades da federação, apenas Roraima ainda mantém taxa de fecundidade acima do nível de reposição em 2023, com 2,26 filhos por mulher. A menor taxa estava no Rio de Janeiro (1,39).

A projeção é de que a taxa de fecundidade no país continue a cair até 2041, quando deverá atingir a 1,44 filho por mulher, apresentando, depois disso, ligeiro aumento até 2070, quando chegará a 1,5.

O número de nascimentos, por ano, que era de 3,6 milhões em 2000, passou para 2,6 milhões em 2022 e deve chegar a 1,5 milhão em 2070.

Maternidade

As novas projeções do IBGE também indicam aumento da idade média da maternidade. Em 2000, as mulheres tinham filhos com 25,3 anos, em média. Vinte anos depois, essa idade média passou para 27,7 anos. A previsão é de que, em 2070, chegue a 31,3 anos.

“Ao longo do tempo, a gente percebe que a fecundidade está envelhecendo. Hoje a gente tem a maior parte das mulheres tendo filhos de 25 a 29 anos. Isso se deve ao adiamento da maternidade que essas mulheres têm feito”, ressalta a pesquisadora do IBGE Luciene Longo.