Fernando Almeida

A jovem Nágila Martins de Sousa (24 anos), grávida de seis meses e sua avó Rosa Borges (65 anos) tiveram uma surpresa desagradável nessa quarta-feira, 18.  Elas acionaram o Samu de Araguaína e a Polícia Militar para conter um homem com crise psiquiátrica.  No entanto, precisou chamar a imprensa e esperar por 14 horas pelo atendimento.

O descaso

Segundo Nágila, ela acionou as autoridades por volta das 9h00h da manhã e já se passavam das 20 horas e o atendimento não havia acontecido. “Liguei na viatura da polícia, eles falaram que não tinha viatura. Liguei para o Samu, eles não vêm porque não imobilizam paciente. (...) a gente fica aqui nesse sofrimento, não tem para onde levar o paciente. Não tem viatura para levar e a gente não sabe o que fazer.”

A grávida se diz inconformada com a precariedade no atendimento. “Uma cidade do tamanho de Araguaína (160 mil habitantes) não ter nenhuma viatura um dia inteiro para atender uma ocorrência como esta. Ele pode agredir qualquer pessoa na rua.” Ela ainda teme que ocorra o pior. “Minha avó é idosa (65 anos), agente não tem pra onde levar uma pessoa desse jeito. A gente condições de fazer nada. Vai fazer o quê?” questiona.

O homem trata-se de Oseias Borges de Sousa (40 anos), tio de Nágila e filho Rosa.  Segundo a família, ele é um homem trabalhador e responsável, mas quando entra em crise fica agressivo, já tentou atear fogo na casa e agredir a própria mãe. No momento em que a equipe de reportagem esteve no local, Sousa estava bastante agitado, retirava itens de dentro de  casa os  jogava na rua.

Empura empura

A reportagem não encontrou a direção do Samu para se pronunciar sobre a recusa do atendimento, mas um atendente informou que havia apenas uma viatura e que não colocaria os profissionais em risco, sem a chegada antecipada da PM ao local. 

Já o Major Silva Neto, comandante do 2° Batalhão de Polícia Militar em Araguaína, explicou por telefone que a viatura se deslocaria para fazer o atendimento, desde que uma equipe do Samu fizesse o acompanhamento. Isso porque a PM faria a imobilização física e imediatamente os paramédicos fariam a contenção através de medicamento, caso fosse necessário.

Fuga do Hospital

Porém, como demorou  entendimento entre Samu e PM, a família que solicitou o serviço ficou aguardando desde às 9 horas da manhã  até às 23 horas. O homem foi levado para o Hospital Regional de Araguaína, onde receberia o atendimento, pois a Clínica São Francisco, especializada para fazer o tratamento, foi fechada este ano por falta de repasse do Governo do Estado.  Porém, segundo a família, ele conseguiu fugir por volta das 6 da manhã desta quinta-feira, 19, sem que o hospital percebesse a falta.