Por ofício recebido pela Reitoria nesta terça-feira (8), o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Universidade Federal do Tocantins (UFT) informações sobre as medidas que estão sendo adotadas para restabelecer as atividades administrativas diante da greve dos servidores técnico-administrativos da instituição que já dura 15 dias. Ainda segundo o documento, assinado pelo procurador Fábio Conrado Loula, o MPF recomenda ao Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFT que a categoria garanta "a prestação continuada dos serviços públicos, sobretudo realizando as matrículas designadas para os dias 7 a 9 de abril", que estão não estão sendo realizadas nos câmpus de Palmas e Araguaína, e limitadas ao recebimento de documentos dos novos alunos nos câmpus de Gurupi e Porto Nacional.
Conforme balanço parcial da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), apenas 240 processos de matrícula foram abertos antes do último dia do prazo inicialmente estabelecido para os classificados na primeira chamada do Vestibular 2014/1 - nos câmpus de Arraias, Miracema e Tocantinópolis - o que representa uma ocupação de menos de 17% das 1.414 vagas ofertadas.
Na manhã desta terça-feira (8) o reitor Márcio Silveira esteve reunido com gestores e representantes dos estudantes para debater alternativas para o impasse que ameaça comprometer o andamento do calendário acadêmico, especialmente as aulas do primeiro semestre letivo de 2014 e as próximas colações de grau - que também dependem do trabalho dos técnicos -, ambas com início previsto para daqui a duas semanas, no dia 22 de abril. Também chamado para o encontro, o comando de greve inicialmente não compareceu, mas pouco antes do término da reunião as lideranças dos técnicos-administrativos estiveram na Reitoria acompanhadas de representantes de outras categorias que apoiam o movimento dos servidores da UFT. Na ocasião o comando de greve informou que está coletando informações junto aos técnicos-administrativos de todos os câmpus da Universidade para pautar demandas locais, e se comprometeu a apresentar, no dia seguinte, um documento formalizando a lista de reivindicações da categoria. Uma nova reunião entre os gestores, estudantes e técnicos-administrativos foi marcada para esta quarta-feira (9), às 16h.
Para o presidente do sindicato, Edy Passos, o diálogo com a Reitoria abre espaço para a rediscussão, em assembleia, da questão da realização das matrículas, mas a mudança ou manutenção do posicionamento vai depender da agenda de negociações. "Acredito que podemos avançar em diversas pautas específicas junto à Reitoria, e que o resultado disso vai ser interessante e trazer benefícios para todos os lados envolvidos", disse ele.
O reitor, Márcio Silveira, disse que não é possível para a gestão discutir alterações no calendário acadêmico sem a sinalização dos técnicos-administrativos de quando as matrículas serão realizadas, e se colocou à disposição para mediar um acordo entre os estudantes e a categoria paralisada. Ele reiterou que não irá utilizar suas prerrogativas legais para interferir no direito constitucional de greve dos servidores. "Se defendo o voto paritário nas Universidades, que aqui na UFT já é realidade enquanto outras instituições ainda discutem essa questão, é porque entendo a importância igual dos três segmentos: técnicos-administrativos, professores e alunos", afirmou.
Silveira ainda enfatizou que não existe qualquer orientação da Reitoria para que servidores em greve sejam obrigados a realizar matrículas ou que profissionais não habilitados sejam remanejados para executar tal função, mas explicou que respeita a autonomia dos câmpus para definirem a viabilidade ou não da realização dos processos administrativos diante do cenário atual.
Preocupado com as questões que envolvem os estudantes e também com possíveis reações negativas por parte dos docentes, que retornam do recesso acadêmico no dia 22, o reitor disse ainda que espera avançar nas negociações e com isso fortalecer o movimento na UFT em prol da valorização da educação, e pediu aos técnicos a elaboração de uma carta de reivindicações para ser apresentada à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
"O objetivo não é desmobilizar a greve. Precisamos resolver conflitos internos e garantir os serviços essenciais da Universidade para evitar um embate judicial e somar forças, com os professores e alunos, a favor das bandeiras da educação", ressaltou.
Reiterando o posicionamento manifestado na reunião ocorrida na Reitoria, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) divulgou na tarde desta quarta-feira (8) carta aberta assinada pelos Centros Acadêmicos e Atléticas na qual os alunos manifestam que entendem "a importância e valor histórico da greve como meio de reivindicação e mudança das estruturas e realidades sociais", mas reivindicam mais diálogo com o comando de greve e a manutenção de atividades consideradas essenciais