
A Maria Dias Silva estava há quatro anos na fila de cirurgia no Tocantins. Ela teve uma hérnia depois de ser esfaqueada pelo marido durante uma gravidez em 2016. As dores prejudicavam o trabalho dela como gari e a rotina diária, mas a longa espera chegou ao fim por causa de uma iniciativa de médicos voluntários que chegaram ao estado para fazer um mutirão de cirurgias de hérnia.
"Essa dor, ela vem me incomodando desde 2017. Doía muito, mas agora conseguimos, graças a Deus. Desde 2017 eu estava aguardando esse momento, que pra mim foi um momento especial. Foi na hora certa", disse a mulher.
A mulher contou que a agressão aconteceu em 2016 durante o primeiro mês da gestação de sua nova filha. Ela passou por uma cirurgia de emergência e conseguiu sobreviver, assim como a criança.
"Foram oito facadas que levei do meu ex-marido estando grávida da minha pequenininha, o nome dela é Vitoria Valentina. O doutor que fez a cirurgia de urgência falou que só sobrevivi porque ela já tinha um coração batendo e ajudou o meu também. De lá pra cá foram só complicações atrás de complicações", contou.
Pouco depois do parto a mulher fez a primeira cirurgia de hérnia, mas logo precisou voltar ao serviço e o esforço acabou fazendo o problema voltar. Em 2017 ela tinha retornado para a fila de cirurgias eletivas e finalmente conseguiu passar pelo procedimento.
Após sair do hospital, a Maria Dias agora está cheia de planos. "Dar um abraço nos meus filhos. Olhar pra minha casa e falar: Estou aqui de novo, meu Deus. Sem dor de hérnia!", planejou.
O mutirão
A Sociedade Brasileira de Hérnia realizou sete mutirões em diferentes regiões do país, mas essa é a primeira vez os médicos voluntários se reúnem para fazer essa ação na região norte. Em cinco dias, 100 pacientes do SUS, vão ser operados pelos 22 profissionais.
Antes do início da pandemia, o mutirão passou pelos estados do Rio de Janeiro, Minas, Ceará e Paraíba. Os médicos dão prioridade para quem está na fila há mais tempo.
"A fila de regulação hoje tá com trezentos e poucos pacientes. Porém alguns temos que fazer passar pelo ambulatório ainda. Com os pacientes aptos, que vão ser feitas as cirurgias agora, vai zerar a fila de pacientes aptos", explicou o secretário de saúde Afonso Piva.
A cirurgia de hérnia está entre as mais procuradas no SUS. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), são 140 mil realizadas por ano no Brasil. O mutirão também serve para capacitar equipes por todo o país.
A Maria Socorro Venâncio também está entre os pacientes atendidos. Ela está se recuperando depois de sofrer quatro anos com uma hérnia. "Eu já não podia vestir roupas apertadas e as atividades também, comecei a diminuir as atividades domésticas. Foi tudo muito em paz. A equipe é maravilhosa", disse a confeiteira.