
Ao contrário do ditado "mulher no volante, perigo constante", são elas que menos geram acidentes e também que menos morrem nas ocorrências de trânsito em todo o país. A afirmação é do Seguro DPVAT, o seguro que ampara as vítimas de acidentes, que publicou, recentemente, o Boletim Estatístico com dados referentes ao período de janeiro a setembro de 2017. As estatísticas são claras e provam, na prática, um preconceito em relação às mulheres que dirigem em todo o Brasil, agindo com mais atenção e cuidados nas vias públicas.
Segundo o boletim do Seguro DPVAT, na distribuição das indenizações por sexo, por exemplo, apenas 25% foram pagas para elas. E mais: elas também aparecem menos nas ocorrências envolvendo motos e carros nas Indenizações Pagas por Morte. Em um comparativo relacionado às motocicletas, elas aparecem em 12%, enquanto os homens somam 88%. Já no caso de mortes envolvendo veículos, são 24% delas contra 76% de pagamentos para eles. A fonte das informações é a Seguradora Líder.
O presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-TO), coronel Eudilon Donizete Pereira, relata que "os dados confirmam a prudência da mulher, pois assim como em outras áreas de atuação, no trânsito, mais uma vez, ela prova sua capacidade e grande responsabilidade". "Essas informações não nos surpreendem. Pelo contrário, só confirmam nosso olhar e nossa consideração de respeito para com elas, que trafegam pelas ruas e avenidas sempre preocupadas com todos, sabendo que precisa voltar para casa do mesmo jeito que saiu, pois lá estão seus entes à sua espera. Só temos que respeitá-las e homenageá-las", enfatizou o presidente.
Para a coronel Rosa Carmo, chefe de Gabinete do Departamento Estadual de Trânsito - Detran - TO, a mulher tem conquistado cada vez mais espaço, e junto disso vem o preconceito, inclusive quando se trata da presença dela como condutora nas vias públicas. "A mulher é muito cuidadosa e quando está no volante ela pensa na família, filhos, no que tem pra fazer mais tarde. Ela é uma guardiã não só da vida dela, mas dos demais condutores. A diferença nos índices está nisso", argumentou a coronel.
No Tocantins, estatísticas do Detran revelam que existem 142.998 mulheres habilitadas, o que dá 31,33%. Já os homens são 313.390 habitados (68,67%). Em Palmas, o volume de motoristas femininas chega a 50.248, enquanto que o masculino soma 90.957 habilitados.
Quando os dados são regionalizados, a Cidade de Araguaína apresenta um total de 22.658 habilitações delas, e os homens são 46.656 CNHs. Em Gurupi, a terceira maior cidade do Estado, são 15.216 documentos para elas (24.890 para eles).
A coronel Rosa Carmo destaca que o paradigma de que a mulher é frágil e que não tem competência para dirigir precisa ser quebrado. "Hoje se vê as mulheres em todas as frentes de trabalho, com um percentual menor, mas em todas as frentes. Podem xingar, falar, mas o nosso pé pisa menos que o do homem", ressalta Rosa Carmo.
LocalOs números relacionados aos acidentes no Tocantins apontam que as mulheres também são minoria. Na Capital, conforme estatística do Programa Vida no Trânsito (PVT), aponta a participação do homem com 79% e 21% da mulheres com lesões graves, e 75% de homens e 25% de mulheres nas ocorrências com morte. Os dados são relacionados ao Perímetro Urbano.
Em Araguaína, a segunda maior cidade do estado, mais da metade dos envolvidos com acidentes são homens. Eles aparecem em 1.723 ocorrências, de um total de 3.222, entre os meses de janeiro e setembro de 2017. Os dados são da Prefeitura da cidade, que revelam a presença das mulheres em 1.499 registros.