
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) no ano de 2018 o Tocantins registrou 11.037 partos normais contra 14.372 cesáreas, aumento de 30,22%. O número preocupa. Segundo a fisioterapeuta Wilma Manduca, que trabalha com preparação de mulheres para o parto há 34 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que as estatísticas em torno das cesáreas realizadas devem chegar ao número máximo de 15% do total de partos. No Tocantins, elas ultrapassam os partos normais.
A profissional explica que o crescimento de cesáreas agendadas está ligado também ao aumento de prematuridades iatrogênicas (bebês retirados sem indicação), em mulheres que fazem cesarianas agendadas ou com a avaliação incorreta da idade gestacional.
A humanização do parto, de acordo com a fisioterapeuta, não é o antônimo de "desumanização", como muitos pensam. O termo vem do movimento filosófico chamado "humanismo", que destaca a ideia de que o corpo pertence à mulher. Sendo assim, cabe a ela decidir quantos filhos vai ter, assim como será o processo do parto, colocando a escolha nas mãos das mães, tornando-as protagonistas do nascimento de seu bebê, com o objetivo de tornar a experiência a melhor possível para a dupla mãe e filho.
Ainda desmistificando a concepção de humanizado, Wilma esclarece que as cesáreas também podem ser feitas desta forma, desde que a escolha seja realizada de maneira consciente e que a vivência do nascimento tenha afetividade e favoreça o vínculo materno.
Deixar o bebê em contato com a pele da mãe por uma hora, incentivar a amamentação neste primeiro momento, não cortar o cordão umbilical até que ele pare espontaneamente de pulsar, só dar o primeiro banho após as 24 horas de vida da criança são algumas das características da humanização do parto, que podem ser empregadas tanto se a escolha for pelo procedimento normal ou na cesárea.
-São mais de 50% de crianças nascendo através de uma cirurgia. Sabemos que muitas são realizadas de forma desnecessária. A cesárea é ótima, veio para salvar vidas, quando ela é bem empregada. O problema é quando ela é usada fora do trabalho de parto, com a intenção de facilitar, por conveniência médica ou da paciente, sem considerar os sinais do bebê de que está pronto para sair. Quando ela é feita sem precisar você aumenta os riscos para a mulher em até seis vezes.
E fazendo coro ao movimento de humanização do parto, idealizada com o objetivo de facilitar o nascimento de forma natural, o Hospital Palmas Medical ganhou uma sala conhecida como Delivery Room. A ideia do espaço é colocar a disposição das pacientes o máximo de recursos para que o parto seja tranquilo e com menos dor para a mãe
Desde a iluminação, que pode ser mais intensa e de cores variadas durante o processo, até uma banheira com água aquecida e hidromassagem que pode ser utilizada para aliviar a dor ou servir como local para o parto, a sala foi toda pensada para as mães que terão os filhos de forma natural
Ao longo dos anosO movimento de humanização do parto vem ganhando forças no País nos últimos anos. Grupos de apoio de mulheres na vida real e nas redes sociais vem pautando a importância de uma assistência mais humanizada em hospitais e maternidades da rede pública e particular de todo o Brasil. Para Wilma, as possibilidades que existem atualmente está melhorando com o passar do tempo.
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