![](/imagem/0/0/24402/homem-foi-preso-em-cumprimento-a-mandado-de-prisao-expedido-pela-justica-do-distrito-federal.jpg)
A Polícia Civil do Tocantins prendeu nesta quinta-feira (21), em Sucupira, região sul do estado, um pastor de 43 anos apontado como um dos líderes de um grupo criminoso formado por dezenas de lideranças evangélicas que aplicou golpes milionários em vítimas, normalmente fiéis frequentadores de suas igrejas, prometendo lucros absurdos, como “um octilhão de reais” (R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000).
A prisão do suspeito se deu em cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e foi executado pela 8ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime ao Crime Organizado (DEIC - Gurupi).
O pastor, de iniciais O.J.L.J, foi capturado escondido em um rancho no município de Sucupira. Ele é investigado como sendo um dos líderes de um esquema criminoso milionário que teria enganado mais de 50 mil pessoas e auferido um lucro de mais de R$ 150 milhões no Brasil e no exterior.
Comandada pelo delegado-chefe da 8ª DEIC, Rafael Falcão, a ação foi deflagrada pela PC-TO depois que as equipes da unidade especializada levantaram informações de que o suspeito estaria em uma propriedade no município localizado no sul do Estado.
Conforme explica o delegado Falcão, a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) apontou que o ele seria um dos líderes de um esquema milionário de golpes financeiros que enganou mais de 50 mil pessoas nos últimos cinco anos.
A operação da (PC-DF), denominada “Falso Profeta” foi deflagrada na manhã da última quarta-feira, 20, e tinha por objetivo de dar cumprimento a dois mandados de prisão e 16 de busca e apreensão.
“Ocorre que O.J.L.J. não foi encontrado e era considerado foragido da justiça, sendo procurado em várias unidades da federação e também no Estado do Tocantins”, disse a autoridade policial.
Captura
“Após acionamento das equipes da 7ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Gurupi pela Polícia Civil do Distrito Federal informando os fatos e da possibilidade de o investigado estar na cidade de Figueirópolis, local onde reside um de seus irmãos, o caso foi repassado à 8ª DEIC de Gurupi que imediatamente iniciou os levantamentos e conseguiu identificar que a família teria uma propriedade rural nas proximidades da cidade de Sucupira”, pontuou a autoridade policial.
Com o aprofundamento dos trabalhos de campo, os policiais da unidade especializada constataram que, de fato, o foragido estaria homiziado em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupira. Com base nas informações levantadas, por volta das 17h, os policiais civis daquela unidade, comandados pelo delegado de polícia Rafael Falcão, efetivamente localizaram o indivíduo e deram cumprimento ao mandado de prisão expedido pela Justiça do Distrito Federal.
Em seguida, o preso foi conduzido até a 12ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Gurupi, e após a realização dos procedimentos legais cabíveis, posteriormente foi recolhido à Unidade Penal Regional local, onde permanece à disposição do Poder Judiciário do Distrito Federal.
Crimes diversos
De acordo com a PC-DF, o indivíduo é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e estelionatos praticados por meio cibernético. Ainda segundo as apurações, os criminosos (que compõe um grupo de cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas) abordavam as vítimas, em sua grande maioria fiéis, pelas redes sociais e as convenciam a investir suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, prometendo retorno financeiro imediato e lucros exorbitantes.
Como funcionava o golpe?
A investigação apontou que o golpe utilizava conversas enganosas pelas redes sociais, como Telegram, Instagram e WhatsApp.
A Polícia Civil aponta que os criminosos “abusando da fé alheia e da crença religiosa” invocavam uma teoria conspiratória chamada “Nesara Gesara”.
As vítimas, em sua grande maioria fiéis evangélicos, eram levados a acreditar que são pessoas escolhidas por Deus para receber a “benção”, ou seja, quantias milionárias.
Os fiéis eram convencidos a investirem suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias com promessa de retorno financeiro imediato com rentabilidade absurda.
Lucro de R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000
Um exemplo apresentado pelos policiais foi a promessa feita pelas lideranças religiosas de que um depósito de R$ 25 poderia dar um retorno de um “octilhão de reais”, ou seja, o número 1 seguido de 27 zeros: R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.
A termos de comparação, por exemplo, segundo os dados do FMI, em 2022, o PIB dos Estados Unidos e do Brasil, respectivamente, foi de US$ 25,46 trilhões (R$ 125,26 trilhões) e US$ 1,92 trilhão (R$ 9,44 trilhões). Isso é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos nesses países durante o ano.
O retorno prometido pelos pastores – o octilhão de reais – superaria até mesmo toda a riqueza do planeta inteiro somada.
Os policiais alertaram ainda que um investimento de R$ 2 mil tinha a promessa de retorno de “350 bilhões de centilhões de euros”.
“O golpe pode ser considerado um dos maiores já investigados no Brasil, uma vez que foram constatadas, como vítimas, pessoas de diversas camadas sociais e localizadas em quase todas as unidades da federação, estimando-se mais de 50 mil vítimas”, afirmou a Polícia Civil
Criminosos usaram nome de Paulo Guedes
Segundo a polícia, o líder do grupo, pastor Osório José Lopes Júnior, afirmava que os títulos oferecidos já contariam com autorização do governo federal, por meio do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, para serem pagos.