Fernando Almeida

A Câmara Municipal de Araguaína (TO) recebeu na tarde de terça-feira (9) representantes da Igreja Católica e integrantes da Pastoral da Terra para debater a Campanha da Fraternidade 2014, cujo tema é a “Fraternidade e Tráfico Humano”.  Para a entidade, além do tráfico de pessoas no Brasil, outro grave problema é o trabalho escravo e o Tocantins sempre aparece em posição destaque no ranking nacional. A lista suja contém políticos, juízes e artistas.

Índices do trabalho escravo 

Na oportunidade o representante da Comissão Pastoral da Terra em Araguaína,  Evandro Rodrigues, apresentou dados sobre a incidência do trabalho análogo à escravidão no Tocantins, bem como números de trabalhadores libertados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).  Ele enfatizou que em 2012, o Estado ocupou o 2° lugar no ranking nacional pelo número de casos relatados (22) e também 2° no número de trabalhadores libertados (321). Já em 2013 ficou no 5° lugar com 14 casos.

Rodrigues pontuou ainda que 34 empregadores tocantinenses estão atualmente na Lista Suja publicada pelo Governo Federal, em 2013. Também nos últimos 10 anos  (2003 a 2013)  71, dos 139 municípios tocantinenses,  tiveram registro de trabalho escravo.  Já nos últimos 5 anos, 90 casos foram denunciados na pecuária, plantação de eucalipto e no carvão. Destes, 61 foram fiscalizados, resultando no resgate de 974 pessoas. 

Os empregadores 

“Dói constatar que entre esses empregadores inescrupulosos, já compareceu não somente fazendeiro ou carvoeiro, criador de gado ou sojeiro, empresa siderúrgica ou madeireira, mas também ou às vezes ao mesmo tempo, advogado, médico, artista, magistrado, deputado, senador. Basta!” denunciou o representante da Comissão Pastoral da Terra em Araguaína.

Campanha da Fraternidade 

Já o bispo da Diocese de Tocantinópolis (TO),  Dom  Giovane Pereira de Melo, argumentou que a Igreja Católica, através da Campanha da Fraternidade,  tem  contribuído com ações de conscientização, tanto em relação ao Trabalho Escravo quanto aos trafico de pessoas. Segundo  a Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, o tráfico de pessoas faz cerca de 2,5 milhões de vítimas por ano, incluindo homens, mulheres e crianças, mas principalmente pessoas vulneráveis e carentes – psicologicamente e de recursos.

Para os representantes da Igreja Católica, além de denunciar os casos junto aos Órgãos competentes como o MPT, outra forma de reduzir a incidência do Trabalho Escravo é através da conscientização e também de políticas públicas voltadas para garantir trabalho digno aos cidadãos do Tocantins. Desta mesma forma, com a melhoria das condições de trabalho, reduzirá o numero de trafico de pessoas que devido à vulnerabilidade se sujeitam a tais condições e até mesmo se tornam vítimas do trafico de pessoas.   

Participantes 

Estiveram presentes na discussão: Jales Costa – ex-diretor da CPPA, Dom Giovane Pereira - Bispo de Tocantinópolis,  Padre Geraldo Sionizio -  Paróquia Sagrado Coração de Jesus, e Evandro Rodrigues - Pastoral da terra.  Além dos convidados  Padre Galson Neves - Paróquia São José Operário,  Rafael Oliveira - Pastoral da Terra, e Padre Ramildo José - Paróquia São Vicente de Paula.