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Peeling: queimadura grave após procedimento obriga médica a usar máscara por seis meses

Isadora Milhomem pagou pelo procedimento para controlar as marcas de acne no rosto, mas acabou sofrendo queimaduras graves com o peeling

Arte mostra rosto de médica antes e depois de apresentar reações a procedimento
Foto: Arquivo Pessoal/Arte g1

A médica Isadora Milhomem, de 30 anos, viu o sonho de se livrar das cicatrizes de acne se transformar em pesadelo após fazer um peeling para tratamento de marcas de acne. A ultrassonagrafista sofreu queimaduras de segundo grau no rosto e deverá usar uma máscara de compressão 24h por dia pelos próximos seis meses. Ela compartilhou a experiência nas redes sociais, os vídeos viralizaram e já somam milhões de visualizações.

"Eu tenho consciência, até porque sou médica, de que esses tratamentos para cicatrizes de acne geralmente são a longo prazo. Mas, infelizmente, eu fui seduzida por uma proposta de resultado imediato", contou nas redes sociais.

O peeling conhecido como AtaCroton é um procedimento dermatológico agressivo indicado para tratar rugas profundas, cicatrizes e hiperpigmentação. Isadora optou por não divulgar o nome da profissional responsável pela aplicação, mas disse que realizou o procedimento com uma dentista em Goiânia (GO) no dia 14 de novembro de 2024.

Ela chegou ao perfil da profissional através de postagens no Instagram onde a dentista ostentava o resultado do peeling na pele das pacientes.

"No perfil dela existiam diversos antes e depois de pessoas com muitas cicatrizes de acne e depois com a pele lisa. Eu olhava aquilo ali e falava 'nossa, se esse rosto que era tão pior do que o meu em termos de cicatrizes, ficou assim, imagina o meu'. Hoje vejo que esses resultados eram falsos", afirmou.

Antes de desativar o perfil no Instagram, a dentista chegou a postar o "resultado" de Isadora. Mas segundo a médica, as fotos não mostravam a realidade de sua pele. A foto do 'antes' postada pela profissional foi tirada após a sessão de microagulhamento que antecede a aplicação do peeling, dando a impressão que o rosto tinha mais cicatrizes por estar machucado, e o 'depois' foi feito após a queda total da máscara oclusiva.

 

"Os dermatologistas me explicaram que é um 'efeito Cinderela'. Logo que você finaliza o processo de um peeling, o rosto fica muito inchado por causa do processo inflamatório e dá aquele brilho, aquele aspecto de pele lisa. Ela postava um 'pós' imediato, quando a pele costuma ter um aspecto melhor. E essas complicações geralmente aparecem depois de 40 dias de procedimento", comentou.

 

Durante o 'efeito Cinderela' Isadora sentiu a pele lisa, sem manchas e sem cicatrizes, mas as complicações começaram a partir do dia 22 de dezembro. "Começaram a aparecer cicatrizes que eu não tinha. Na região onde eu tinha cicatrizes a pele ficou alta, muito mais vermelha e toda cheia de furos, como se fossem cicatrizes, mas muito piores do que as que eu tinha".

Isadora terá de usar uma máscara especial 24 horas por dia, ao longo de pelo menos seis meses,

 

Além dos efeitos estéticos negativos e do desconforto causado pela máscara de compressão que a jovem precisa utilizar 24h por dia, Isadora também começou a sentir coceira e ardência na pele após as complicações. "Dói muito também. Tenho que passar algumas pomadas e na hora de passar é um terror, porque dói bastante, incomoda muito", relatou.

A médica compartilhou a experiência traumática nas redes sociais e o desabafo viralizou com vídeos que somam mais de seis milhões de visualizações. "Meu primeiro vídeo foi um pedido de socorro. Eu estava desesperada. Fui em vários colegas médicos e eles me falavam que não sabiam o que fazer e me encaminhavam para outro profissional".

 

Além do apoio e palavras de incentivo pela coragem em relatar a experiência, Isadora disse que recebeu dezenas de depoimentos de pessoas relatando problemas semelhantes após fazerem o mesmo procedimento. A médica contou que tenta responder todas as mensagens e acredita que seus vídeos servem de alerta para outras pessoas que sofrem com as cicatrizes.

 

"Isso é uma coisa que só quem tem a cicatriz de acne entende. Claramente existe uma dor emocional associada. Eu tinha um complexo muito grande com as minhas cicatrizes. A ponto de se eu fosse num restaurante jantar, eu ficava olhando a iluminação, porque a iluminação que vem de cima evidencia mais a cicatriz, e escolhia uma mesa que não tivesse essa iluminação, com vergonha das cicatrizes. Então, quando a pessoa vende esse sonho, essa possibilidade de você se ver livre delas, você acaba ficando cega, né?", desabafou.