Ramila Macedo

Dois presos que morreram decapitados no presídio Luz do Amanhã em Cariri, região sul do Tocantins, na última sexta-feira (5) foram os mesmo que afirmaram terem sido vítimas de tortura, supostamente praticada por policiais civis no Barra da Grota, em Araguaína.  

A Defensoria Pública do Tocantins confirmou que os dois mortos estão entre o grupo de quatro detentos que fizeram denúncia junto ao órgão neste ano relatando agressão. Na quinta (04), após pedido da defesa, dois deles foram transferidos para um presídio em Palmas e outros dois – Alessandro Rodrigues de Castro de 23 anos e Vinicius Dias da Silva de 29 anos– levados a Cariri. No dia seguinte estavam decapitados.

O defensor público Sandro Ferreira Pinto acha cedo para ligar as mortes às denúncias contra os policiais. Mas ele considerou estranho o fato dos dois detentos não terem sido colocados em cela protegida dos demais presos após a transferência. No presídio Barra da Grota em Araguaína eles já estavam isolados.

Ao Jornal do Tocantins, o defensor público Sandro Ferreira Pinto declarou que depois da repercussão da denúncia de tortura, os presos temiam pela própria segurança na unidade do Barra da Grota e pediram transferência para Palmas.

â??Por uma razão inexplicável, dois deles foram levados para Cariri e, para ficar mais evidente a omissão do Estado no que se refere à segurança dos internos, foram colocados em um pavilhão comum, juntos com outros presos, onde não sobreviveram 24 horas, comentou o defensor ao JTO.

A DPE informou que solicitou do Estado explicações sobre a mudança de destino da transferência dos presos. O órgão também quer saber o motivo dos detentos terem sido colocados entre os outros detentos.

Ao Araguaína Notícias, a Secretaria de Defesa e Proteção Social (Sedeps) informou que ainda não foram identificados os autores. “Imediatamente após o corrido foi instaurado inquérito policial para investigar o crime e identificar os autores. Certamente, após identificados, serão penalizados judicialmente” informou.

Entenda

No mês de abril, o Araguaína Noticias mostrou o vídeo divulgado pela Defensoria em que um agente usa pistola de choque para conter um detento que rendido, fazia gestos de ameaça ao agente com a pistola. Com o disparo, o detento cai no chão e em seguida outro interno, que estava numa sala ao lado, tenta entrar sendo rapidamente contido pelos agentes, que disparam contra ele com balas de borracha.

A cena foi registrada no dia 26 de fevereiro desse ano, dia em que ocorreu duas tentativas de rebelião no Barra da Grota. Após o episódio, os presos apresentaram denúncia na DPE, de que teriam sofrido tortura. A repercussão do vídeo, levou a troca de diretor da unidade prisional e abertura de inquérito na Corregedoria da Polícia Civil.

Além desse episódio, Vinícius Dias da Silva, um dos detentos mortos, foi levado para DP de Araguaína no último dia 13 de maio, juntamento com outros dois colegas de cela, para prestar depoimento. Ele era suspeito de desrespeito, agressão verbal e de fazer ameaças a funcionários da unidade prisional do Barra da Grota.

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