
Ao ser encontrado no apartamento onde havia R$ 3,6 milhões em dinheiro, o primo do então secretário Edmilson Vieira das Virgens disse para a Polícia Federal que não sabia o que tinha no quarto. Ele até achava que o cômodo era usado para encontros românticos, segundo relatório da PF.
Câmeras de segurança do prédio mostram que Edmilson visitava o apartamento com frequência. As imagens indicam que o secretário entrava no local usando mochilas.
Edmilson, que estava à frente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Serviços Regionais de Palmas, foi preso em flagrante suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção nesta quinta-feira (10), durante as duas operações que investigam fraude em contratos públicos da Prefeitura de Palmas. Ele foi exonerado no mesmo dia.
O imóvel, que está locado em nome de um primo de Edmilson, fica na ARNE 64 (antiga 508 Norte) e tem sala, cozinha, banheiro social e dois quartos, sendo uma suíte.
Quando os federais chegaram, um dos quartos estava trancado. O primo do ex-secretário estava no apartamento e não tinha a chave do cômodo. Também disse que acreditava que poderia haver objetos íntimos de Edmilson.
Por não ter a chave, os investigadores fizeram a abertura forçada na presença das testemunhas. Dentro do quarto havia um baú com pastas da prefeitura por cima. E dentro havia os mais de R$ 3,6 milhões, armazenados em caixas de papelão e bolsas, além das joias.
Papéis com anotações
Os federais também estiveram na casa de Edmilson, e encontraram indícios de que ele tinha uma estreita ligação com outra investigada, a ex-secretária executiva da Secretaria Municipal de Educação Fernanda Rodrigues da Silva.
Na casa dele havia anotações em papéis timbrados da prefeitura e segundo da PF, pode indicar informações de um possível percentual exigido como propina nos contratos investigados nas duas operações deflagradas.
Também havia uma mochila com o total de R$ 43.950.
Secretário em duas gestões
Edmilson Vieira das Virgens atou como secretário da Prefeitura de Palmas desde 2017, na gestão do então prefeito Carlos Amastha do PSB.
Na atual gestão, de Cinthia Ribeiro (PSDB), também exerceu as funções de secretário de transparência e controle interno do município e foi secretário-chefe da Casa Civil antes de assumir a Secretaria de Desenvolvimento Urbano.
Ele foi exonerado na noite de quinta-feira (10), juntos com Fernanda Rodrigues da Silva e a secretária de educação Fátima Sena. Os três são suspeitos de corrupção em contratos que somam R$ 30 milhões.
Edmilson passou a noite do Quartel do Comando Geral da Polícia MIlitar (QCG). Nesta sexta-feira (11), a Justiça concedeu liberdade ao investigado, mediante pagamento de fiança de R$ 120 mil.
O advogado de Edmilson informou que ainda não irá se posicionar sobre os fatos porque está tomando ciência da investigação. Ao ser abordado pela TV Anhanguera, enquanto saia do Instituto Médico Legal (IML) em direção ao QCG, Edmilson o não quis se manifestar.
Além de servidor público, ele também tem uma empresa para vender joias, que foi aberta em dezembro de 2022 e tem capital social de R$ 81 mil.
Contratos suspeitos
Segundo a PF, um dos contratos é relacionado ao transporte escolar, no valor de R$ 19,9 milhões. Pela estimativa, o município está pagando cerca de R$ 110 mil por dia de contrato, considerando o prazo de 180 dias.
Em outro contrato, a apuração é sobre a compra de kits pedagógicos para escolas municipais. O contrato no valor de R$ 14,9 milhões é alvo porque foi feito sem licitação. Além disso, a polícia também suspeita que houve suposto pagamento de propina para agentes públicos.