Fernando Almeida
Em homenagem ao Dia do Surdo, comemorado no dia 26 de setembro, a Câmara Municipal de Araguaína realizou na tarde desta terça-feira, 23, sessão especial para debater o tema. Ao falar (com intérprete) para a plateia formada por acadêmicos da UMA e surdos, a professora Roselba Gomes de Miranda relatou sua experiência escolar como surda.
“Eu vivi numa época em que não havia legislação que garantia minha presença na comunidade escolar. Foi com muito orgulho que me formei. Com muita luta, como se tivesse carregando um pedra enorme, numa montanha enorme para terminar meus estudos e chegar onde cheguei, ” afirmou, reforçando que o objetivo é fazer doutorado.
Roselba explicou que o acesso a literatura específica para surdos (escrita em libras) é difícil, mas destacou que a tecnologia é uma ferramenta importante na comunidade surda. Segundo ela, o aplicativo WhatsApp é muito utilizado na comunicação e interação entre surdos que lêem e escrevem em português. Também defendeu que nos comícios tenham intérpretes para que os surdos entendam as propostas dos candidatos e votem de forma consciente.
Ao Araguaína Notícias, o intérprete de Roselba, Bruno Gonçalves Carneiro, falou sobre a temática. “O surdo tem uma língua específica, a língua de sinais também brasileira. Para ele ter acesso a serviço, produtos, ter participação social, tem que ter o respeito e também a circulação da língua de sinais. Porque a partir da língua a gente promove cultura, tem acesso ao conhecimento e estabelecemos nossas diversas relações.”
Bruno ainda acrescentou. “O desafio é vê o surdo não como a falta de audição, mas sim um sujeito que usa a língua de sinais.” Segundo ele, em Araguaína há pelo menos 300 surdos que participam em comunidades, mas o número é bem maior, pois os outros ficam em casa. No Brasil o Dia do Surdo (26 de setembro) foi instituído através da Lei Nº 11.796 de 29 de outubro de 2008, assinada pelo Ex-Presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva.