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Reportagem do Fantástico revela laudo da PF sobre a queda da ponte de Estreito

Perícia durou mais de sete meses. Laudo aponta que a queda foi provocada pela deformação do vão central, causada pelo excesso de peso dos veículos.

Ponte de Estreito
Foto: Divulgação/Redes Sociais

Mais de sete meses depois da tragédia que abalou o norte do Tocantins, a Polícia Federal concluiu a perícia que explica por que a ponte Juscelino Kubitschek, que ligava Aguiarnópolis (TO) a Estreito (MA), desabou em dezembro do ano passado, deixando 14 mortos e três pessoas desaparecidas.

O Fantástico, da TV Globo, teve acesso exclusivo ao laudo final, que confirma que a queda foi provocada pela deformação do vão central da ponte, causada pelo excesso de peso de veículos no momento do colapso.

A ponte foi construída na década de 1960 e, ao longo dos anos, não acompanhou o aumento da frota e das cargas transportadas na região.

De acordo com os peritos, a estrutura também perdeu resistência com o tempo, e alterações feitas durante reformas anteriores podem ter agravado os problemas. Em 2019, um relatório técnico já apontava que a ponte apresentava vibrações excessivas e um rebaixamento de 70 centímetros no vão central. Mesmo assim, o fluxo não foi interrompido.

“No momento em que esse vão central foi cedendo, isso causou um esforço lateral na ponte, que causou aquela rachadura que a gente vê na filmagem”, explicou o perito criminal federal Bruno Salgado Lima.

Relembre

No dia 22 de dezembro de 2024, próximo ao Natal, dezenas de veículos cruzavam a ponte quando ela cedeu. Em poucos segundos, a tragédia aconteceu: 18 pessoas caíram no rio Tocantins e apenas uma sobreviveu.

Entre as vítimas, estão moradores da região norte do Tocantins que viajavam para o Maranhão, como a família de Alessandra, Salmon e o pequeno Felipe, de 10 anos. Apenas o corpo de Alessandra foi encontrado; Salmon e Felipe seguem desaparecidos.

Omissão

Para a Polícia Federal, não há dúvidas de que houve omissão por parte de agentes públicos responsáveis pela manutenção da ponte. O delegado Allan Reis de Almeida afirmou que o desastre não foi inesperado, pois havia laudos que apontavam o risco iminente.

Travessia

Enquanto as investigações seguem, a vida dos moradores e motoristas que dependiam da ponte continua sendo impactada. Desde janeiro deste ano, o Governo do Tocantins implantou o serviço de travessia gratuita por balsas e barqueiros, garantindo que estudantes, trabalhadores e comerciantes continuem circulando entre Aguiarnópolis e Estreito.

Na última semana, o governo anunciou a renovação desse convênio até dezembro de 2025, prazo previsto para a conclusão da nova ponte, que já está com cerca de 50% das obras concluídas. A estrutura será maior e mais moderna, com 630 metros de extensão e um vão central de 154 metros sustentado por dois pilares.

Enquanto a travessia fluvial ajuda a manter a rotina da região, a espera ainda é longa e exige paciência. “Às vezes, eu chego meio-dia e só consigo atravessar 10 horas da noite”, contou o caminhoneiro Júlio César.

O governador Wanderlei Barbosa afirmou que a prioridade é garantir segurança e dignidade aos tocantinenses até a entrega da nova ponte. “Nenhum tocantinense ficará sem acesso à travessia”, destacou.

A expectativa é que, até o fim de dezembro de 2025, a nova ponte Juscelino Kubitschek esteja pronta, ligando novamente o Tocantins ao Maranhão e representando um marco importante para a integração, a logística e o desenvolvimento econômico do Bico do Papagaio.