Brevê do Curso de Operações de Choque da PMTO.
Foto: Ascom PMTO

O Batalhão de Polícia de Choque (BPCHOQUE) da Polícia Militar do Tocantins possui em sua estrutura quatro Companhias Especializadas, sendo uma delas a Companhia de Choque. Na composição do símbolo que representa a subunidade (brevê), um Elmo Espartano, que é uma espécie de capacete, uma proteção destinada a defender a cabeça do guerreiro durante a batalha. Ele simboliza o adestramento, força, disciplina, organização, abnegação e humildade dos Guerreiros Espartanos, precursores das doutrinas de Operações de Choque, e das tropas especializadas no mundo. No brevê é usado na cor preta representando a força das ações, e ainda a proteção física e o preparo emocional dos Homens de Choque.

O BPCHOQUE foi instituído por meio do Decreto nº 5.494, de 25 de agosto de 2016, quando passou à condição de Batalhão, sendo desmembrado da Companhia de Operações Especiais (CIOE). É subordinado diretamente ao Comando de Policiamento Especializado (CPE), um dos três grandes comandos da PMTO, e tem circunscrição em todo o estado do Tocantins, com sede na cidade de Palmas.

A unidade é destinada ao exercício do policiamento de choque e patrulhamento de alto risco, composta por quatro companhias: Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva – GIRO (1ª Companhia); Grupo de Operações com Cães – GOC (2ª Companhia); Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas – ROTAM (3ª Companhia); Choque (4ª Companhia). Cabe ao BPCHOQUE planejar, executar, instruir, capacitar e coordenar todas as ações pertinentes ao Controle de Distúrbios Civis, Patrulhamento Tático Especial em motocicletas e embarcado, e as atividades cinotécnicas, inclusive das unidades do interior do Estado, conforme diretrizes do comando da instituição.

A mística do policial militar “Choqueano”

Para servir no BPCHOQUE o policial militar precisa possuir um dos quatro cursos especializados das Companhias que compõem a Unidade, que são: CIRO (Curso de Intervenção Rápida Ostensiva), que forma militares denominados Cavaleiros de Aço, para operarem em viaturas de duas rodas; Cinotecnia, que forma militares cinotécnicos, para operarem com o apoio de cães; COR (Curso Operacional de ROTAM) que forma militares para operarem no patrulhamento tático especial com viaturas de quatro rodas; e CHOQUE que forma militares para atuarem de forma específica quando da quebra da ordem (Controle de Distúrbios Civis, Rebelião em presídios, reintegração de posse, etc).

O militar que conclui o Curso de Operações de Choque (COpC) recebe a denominação especial de “Choqueano”, e passa a ter seu nome incluído no Almanaque dos Choqueanos, por ordem cronológica de formação, além de ostentar um número de Elmo, em referência ao Elmo Espartano, símbolo dos Choqueanos. A Polícia Militar do Tocantins possui cerca de 3200 policiais militares na instituição, e somente 45 possuem esse curso. Uma verdadeira mística dentro BPCHOQUE e consequentemente na corporação.

No ano de 2002, a PMTO realizou o Curso de Controle de Distúrbios Civis – CCDC, logo após o 1º Choqueano do Estado, coronel da reserva José Ribamar Pereira Amorim, formar-se no Estado de São Paulo e multiplicar aqui o conhecimento lá adquirido. 

A partir de então, não houve mais cursos no Estado, contudo diversos policiais militares foram enviados para outros estados e realizaram cursos oferecidos por coirmãs. Além da denominação COpC, adotada no Regimento Doutrinário do Choque PMTO, podem ser encontradas também Curso de Ações de Choque – CAC, Curso de Controle de Distúrbios Civis – CCDC, Curso de Especialização em Operações de Choque – CEOC, entre outros, todos equivalentes.

É importante destacar que para fazer parte deste tão seleto grupo de profissionais, além de possuir o curso, o militar deve ser voluntário e possuir conduta ilibada. Uma escolha que poucos ousam fazer.

Depoimentos

A história do Choque no Tocantins iniciou com um homem, o coronel José Ribamar Pereira Amorim, que hoje está na reserva remunerada da instituição. Coronel Ribamar, como é conhecido no militarismo, foi o primeiro Choqueano, e ostenta no almanaque o merecido “01”. Ele realizou o Curso de Controle de Distúrbios Civis – CCDC no ano de 1998, na Polícia Militar do Estado de São Paulo, por determinação do comandante geral da época.

Depois de ter sido o primeiro oficial do Estado a se especializar em operações de choque, ele passou a ser instrutor de CDC (Controle de Distúrbios Civis) de todas as turmas do Curso de Formação de Oficiais - CFO e grande parte das turmas do Curso de Formação de Soldados (CFSD) realizadas no Estado. Contribuindo assim para formação de toda uma geração de policiais militares. O oficial deixou um legado de disciplina, coragem e força, uma fagulha da doutrina de choque que ainda hoje inspira muitos militares. Coronel Ribamar é daquelas figuras emblemáticas, que dificilmente será esquecido.

“Quem é choqueano tem gás nas veias, não recua (a não ser para se reorganizar e voltar à carga). Ou seja, não somos nós que escolhemos usar o Elmo, ele nos escolhe. Ser choqueano não é ser truculento. Ser choqueano é atuar com inteligência e à luz da doutrina, sem impirismo e muito menos improviso. Ser choqueano é ter a certeza de que o treinamento difícil nos conduz à vitória fácil”, destacou coronel Ribamar. O oficial disse ainda que seu sentimento não poderia ser outro senão o de orgulho e satisfação, de haver sido o precursor, o ponta-de-lança das operações de choque na PMTO.

O Choqueano “01” deixou ainda um conselho aos policias militares que desejam integrar as fileiras do Batalhão de choque, que o façam com dedicação e abnegação. Tenham em mente que não são o fardamento e equipamentos diferenciados que os tornam diferentes. O referencial de uma tropa especializada são os resultados advindos da boa atuação de cada um de seus integrantes. Ele finalizou dizendo: “Choqueano que se presa, é consciente de que, o fato de ser integrante de uma tropa especializada não o torna melhor que nenhum integrante da Corporação. Apenas o capacita para uma missão específica. C H O Q U E !”.

Entre 30 militares iniciados, o coronel Júlio Manoel da Silva Neto, obteve a primeira colocação no curso de 2002, realizado em Palmas. Em meio a desafios como a temperatura e o clima seco, o coronel conta que a motivação para fazer o curso veio da formação operacional que obteve nos cinco anos que serviu ao exército brasileiro como oficial temporário. “Lá o oficial tá na ponta da missão com seus pares e subordinados”.

O coronel Silva Neto carrega um sentimento de orgulho e gratidão por ser integrante da tropa de choque. “Um PM que almeja ser do choque deve ser persistente, íntegro no caráter, gostar de trabalho em equipe, disciplinado e disciplinador, pois uma tropa especializada é uma família e com isso aprendi a interagir e gerenciar as diferenças pessoais, evoluindo assim com pessoa", disse.

Esse sentimento de realização profissional também é compartilhado pelo capitão Vilson Rodrigues da Silva Junior, Choqueano número 40, atual subcomandante do BPCHOQUE.  Capitão Júnior destaca que o policial militar do BPCHOQUE possui diversas características peculiares, dentre elas voluntariedade, compromisso com a instituição, disciplina, postura, compostura, controle emocional, resistência à psicofadiga, espírito de sacrifício, lealdade, versatilidade, honestidade, responsabilidade, capacidade de realizar trabalhos em equipe e habilidades técnicas. “Características que refletem em serviços assertivos para a comunidade tocantinense, fazendo com que as ações pontuais do BPCHOQUE tenham resultados positivos”, acrescentou.

O capitão Átila Azevedo, Choqueano formado na Brigada Militar do Rio Grande do Sul, e atual Comandante da Companhia de Choque do BPCHOQUE, ressalta que “as Operações de Choque são complexas, sendo atividade policial especializada a qual abrangem o policiamento em praças desportivas, intervenções em estabelecimentos prisionais, reintegrações de posse urbanas e rurais e o controle de distúrbios civis”. Ele ressalta ainda a importância da realização do I Curso de Operações de Choque da PMTO, vez que tais atividades, iminentemente técnicas, exigem efetivo com treinamento específico e adequado para tal, sendo a realização do curso e consequente estruturação com efetivo mínimo de 01 Pelotão de Choque, a principal demanda da Companhia de Choque na atualidade.

“Para mim, envergar no peito o brevê o qual possui o Elmo Espartano, repleto de mística e significado histórico, é ter a confiança de que ao integrar um Pelotão de Choque estarei protegido diante do agressor, seja qual for o ambiente, vez que a Tropa de Choque é bloco monolítico indivisível a qual sempre marchará rumo à vitória! Aqueles que carregam o Elmo consigo sabem que a moral, a dignidade e a força do Choqueano ecoarão pela eternidade”, finalizou capitão Átila.

Conheça as demais Companhias que integram o BPCHOQUE

GIRO       

O Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO) atua em ocorrências que envolvam infratores que utilizam motocicletas. A principal característica do GIRO é a facilidade de deslocamento pelo trânsito dos centros urbanos, de forma rápida e com grande mobilidade em terrenos de difícil acesso, com a preocupação de prevenir e combater os crimes cometidos por motociclistas e garantir a segurança dos policiais integrantes desse grupo.

GOC

O Grupo de Operações com Cães (GOC) tem como missão o emprego do cão policial em atividades de Segurança Pública, quer sejam de caráter preventivo ou repreensivo, apoiando todas as unidades da Polícia Militar em suas diversas missões, sejam elas em policiamento ostensivo a pé, motorizado, em embarcações ou aeronaves, onde se torne necessária a aplicação da especialidade do policiamento cinotécnico, com suas peculiaridades tanto técnicas quanto táticas.

ROTAM

Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (ROTAM) é um grupo integrado de policiais militares que fazem patrulhamento tático e abordagens com viaturas, na zona urbana, em apoio às viaturas de áreas no atendimento a ocorrências. Dentre as finalidades da ROTAM estão missões dentro ou fora das viaturas, no tocante às funções de comando, armamentos, escrituração, comunicações, acompanhamento tático, prisões, flagrantes, abordagens e diversos outros procedimentos policiais militares, ou mesmo aqueles de cunho social.