Siqueira, Filinto Müller e Olga Benário
Foto: Edição/AN

O ex-governador do Tocantins, Siqueira Campos (DEM), assumiu na manhã desta terça-feira (16) o senado, no lugar do titular da vaga Eduardo Gomes. No discurso de posse, ele revelou o nome do único inimigo no Senado, o ex-senador Filinto Müller. Este foi chefe de polícia da ditadura Vargas, apoiador do Regime Militar e envolvido na entrega de Olga Benário aos nazistas.

--Eu tive um único inimigo no Senado. Um único inimigo e peço a Deus pela sua alma. Que todas as coisas deem certo. Mas lamento a sua atuação no panorama nacional e é por isso que vou citar o nome dele para que sirva de exemplo, para que ninguém siga os rumos de Filinto Müller. Revelou Siqueira Campos no Senado.

Quem é Filinto

Filinto Muller, nascido em Cuiabá, em 1900, colaborou com as duas ditaduras que governaram o Brasil com mão de ferro no século 20, segundo o site do Senado. Como chefe de polícia, na ditadura Vargas; e como líder político, na sustentação do regime dos generais.

Muller participou do Movimento Tenentista, de oposição à oligarquia da República Velha (1891-1930).

 A ascensão de Getúlio Vargas em 1930, com o apoio de grande parte dos tenentes, e a posterior implantação da ditadura do Estado Novo trouxe Muller para o centro do poder político. Ele personificou a repressão violenta aos movimentos de oposição a Getúlio, principalmente comunistas, mas também integralistas.

Em 1932, exerceu papel de destaque no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo. Logo em seguida, assumiu a temida Polícia do Rio de Janeiro (então capital), cargo que ocupou até 1942.  A perseguição aos opositores de Vargas gerou acusações de tortura e assassinatos.

Entrega de Olga Benário

A atuação de Filinto Muller é citada, por exemplo, no episódio de deportação da mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, a judia alemã Olga Benário, que, mesmo grávida, foi entregue à Alemanha, onde seria morta no campo de concentração nazista de Bernburg. Já a filha Anita foi entregue a uma avó paterna.

Filinto Muller foi um dos parlamentares mais importantes no apoio ao Regime Militar, ocupando a liderança da Arena e do governo no Senado. Em 1973, assumiu a Presidência do Senado. Morreu num acidente aéreo em Paris, em julho do mesmo ano.