
Araguaína (TO), maio de 2025 – É no período caracterizado por chuvas e tempo ensolarado alternados que a circulação de múltiplos vírus se intensifica. E são eles os responsáveis pelo recorte de busca acima da média no Pronto Atendimento Infantil (PAI), com mais de 14 mil atendimentos registrados nos meses de março, abril e maio.
“Os surtos de quadros infecciosos em crianças neste ano têm ‘nome e sobrenome’. Podemos listar ao menos seis tipos de vírus em ampla circulação: sincicial respiratório, Influenza A e B, rinovírus, adenovírus e norovírus”, comenta a Dra. Elena Medrado, diretora técnica do PAI e médica pediatra.
Quadros associados e maior gravidade
O que chama atenção, além da quantidade, é a intensidade dos quadros que o atendimento de urgência tem recebido. Segundo a médica, os casos estão relacionados com mais de um tipo de vírus atuando ao mesmo tempo no organismo.
“Estão havendo quadros com coinfecção, ou seja, a criança está com dois tipos de vírus causando quadros fortes. Um exemplo disso são os casos gastrointestinais com sintomas gripais em conjunto”, explica.
A pediatra também ressalta que é natural que o corpo fique mais debilitado, combatendo mais patógenos, mas que os pais devem estar atentos à persistência dos sintomas ou à piora rápida do quadro.
“Crianças menores de dois anos são pontos de atenção. Além disso, as imunossuprimidas ou com infecção recorrente e reincidente também precisam ser monitoradas. E os pais não podem esperar muito para buscar atendimento, percebendo qualquer piora expressiva”, orienta.
Sinais e sintomas de alerta para urgência
A orientação é que, na presença dos seguintes sinais e sintomas, os pais ou responsáveis devem buscar atendimento de urgência imediatamente:
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Respiração acelerada ou com esforço, ou seja, costelas marcando e batimento nasal;
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Lábios arroxeados;
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Febre alta e persistente por mais de 72 horas;
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Vômitos intensos e recusa alimentar;
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Prostração, sonolência excessiva, irritabilidade constante;
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Diarreia com sinais de desidratação, como boca seca e olhos fundos;
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Tosse incessante, chiado no peito e piora progressiva.
Vacinação deve estar em dia
A baixa cobertura vacinal contra Influenza, de acordo com a pediatra, é um fator importante para a alta disseminação de doenças, como a gripe, por exemplo.
“Crianças devem estar com o calendário de vacinação em dia, inclusive com o reforço anual para a Influenza. Qualquer quadro infeccioso, inicialmente desencadeado por um vírus, pode causar infecções bacterianas secundárias, e temos visto muito isso com os quadros de pneumonia graves”, acrescenta.
Além disso, a Dra. Elena recomenda que, em quadros leves, o ideal é manter os ambientes arejados, hidratação contínua de líquidos claros, uso de antitérmicos orientado por um médico e que mães lactantes mantenham a amamentação mesmo que estejam gripadas.
“O leite materno fornece os anticorpos da mãe para o bebê, então é aconselhado manter a amamentação, mesmo se a mãe estiver doente. Mas é importante adotar medidas para evitar o contágio, como o uso de máscaras e lavagem das mãos com frequência”, finaliza.